que foi 10 „paus‟, 15 „paus‟, não me lembro. Eu sei que com esse dinheiro eu fuipassear na Europa, eu e minha mulher. Olha, gastamos tudo. [Risos]Agora, <strong>Cyro</strong>, isso são momentos marcantes profissionais da sua vida. Se agente pensar musicalmente, tem alguma coisa que você se lembra que você <strong>ou</strong>viu:“Nossa! O que é isso? Eu nunca <strong>ou</strong>vi uma coisa assim!”Ah, diversas, né? Diversas! Porque eu <strong>ou</strong>via muito rádio, eu ia muito ao cinemaassistir musicais, aqueles musicais americanos (filmes). Isso também me influenci<strong>ou</strong>muito. Às vezes eu ia ver o mesmo filme três vezes só para prestar atenção na música,ver o que é que os caras estavam fazendo.Dos compositores chamados eruditos, qual que você gosta mais?O que eu gosto mais é do Ravel e do Debussy. Depois o Stravinsky eu gostotambém. Mas em primeiro lugar esses dois.De ópera, você gosta alguma coisa?Ópera eu gosto das Aberturas, aquelas... Como é que chama? As Árias. Masópera, em si, eu não... Pra falar a verda<strong>de</strong>, eu nunca assisti a uma ópera inteira.E musical, musicais da Broadway?Os musicais da Broadway eu não vi em nenhum lugar, só vi no cinema. E fizuma temporada lá na Hebraica com uns americanos que eram todos empresários –cantavam, dançavam; e eles montaram uma companhia que fazia espetáculos uma vezpor ano com as revistas da Broadway. Era uma orquestra reduzida, e eu escrevi todosaqueles musicais <strong>de</strong> sucesso – Hello Dolly, e não sei o que mais; foram 4 <strong>ou</strong> 5 anos. Foi<strong>ou</strong>tra experiência maravilhosa.E sobre o cinema americano, você se lembra <strong>de</strong> algum filme que te marc<strong>ou</strong>?Acho que todos, nenhum especial, todos os musicais americanos eramsensacionais.Nos tempos da Record, você tinha contato com a música americana pordiscos e pelo cinema, mas você fazia adaptações <strong>de</strong> músicas americanas?A gente fazia orquestração para os cantores, às vezes músicas brasileiras, mastambém americanas. Fazíamos os arranjos <strong>de</strong> acordo com a programação da rádio.Era tudo na hora? Vocês tinham que tirar tudo <strong>de</strong> <strong>ou</strong>vido?Não, naquela época tinha edição <strong>de</strong> música, as músicas eram editadas parapiano, hoje não tem mais. Hoje vem tudo com cifras, mas naquele tempo eram todasescritas para piano.Quando começ<strong>ou</strong> a se usar as cifras?114
Não sei direito, eu passei a usar só a p<strong>ou</strong>co tempo, aqui na Jazz, principalmentepara guitarra, para piano não. Dificilmente escrevo cifras para o piano. Não adiantaescrever uma cifra, porque com ela eu não sei exatamente aon<strong>de</strong> o instrumentista vaicolocar as notas. Eu acho que a cifra “emburreceu” um p<strong>ou</strong>co as pessoas.O que mais você que você lembra que foi importante, se fosse pensar lá nocomeço?Pra mim, o importante foi a vinda pra São Paulo, que me fez a carreira.Mas se a gente pensar em Rio Gran<strong>de</strong>, você tocava em dois grupinhos?É, em grupos. (E lá você começ<strong>ou</strong> a dar os seus primeiros passos comoarranjador?) É. Fui escrever. Era conjuntinho pequeno, aquela coisa toda.E quando você cheg<strong>ou</strong> em São Paulo você foi tocar em boate, e <strong>de</strong>poisacab<strong>ou</strong> arranjando...?Fui pra Record tocar piano.E <strong>de</strong> lá?De lá eu comecei a escrever para orquestra <strong>de</strong> baile. Foi indo, foi indo – e com oMigliori lá, tal. Quando me contrataram, que o Simonetti foi embora para a televisão, aíeu fui trabalhar com o Migliori, aí sim, eu fiquei lá vinte anos com ele e aprendi tudo.(Com o Migliori?) Com o Migliori. Orquestração em geral, tudo; equilíbrio <strong>de</strong>orquestra.Nos tempos da Record <strong>Cyro</strong>, havia um leque muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> arranjadoresque trabalhavam com você. Os nomes principais eram o Migliori, que era seututor, o Hervé Cordovil, o Simonetti, o Mazagão. Havia um clima <strong>de</strong> competiçãoentre vocês?Não, na Record era como uma família, eram todos amigos, todos se respeitavam,conversavam. Ninguém queria ser melhor do que o <strong>ou</strong>tro.Você também lia muito, né?É, eu sempre fui um cara que li muito. Tudo que tinha sobre orquestração eu lia,inclusive a técnica <strong>de</strong> ler nas sete claves, para você não ter que fazer conta pra fazertransposição, <strong>de</strong> um livro <strong>de</strong> um alemão, da Editora Labor, que eu acho que euemprestei, perdi – e ele ensinava: escreva assim para tal instrumento que acontece isso.'Clave Imaginária' chama-se isso; você escreve a nota que já é a nota pro cara(instrumento transpositor) e você está lendo a nota <strong>de</strong> efeito, e eu acostumei.Depois eu acostumei a escrever sem armadura, v<strong>ou</strong> pondo tudo no caminho,principalmente as coisas que eu faço; fica às vezes durante os seis compassos (numa115
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Banca Examinadora__________________
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AgradecimentosAo Prof. Dr. Gil Jard
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A importância da obra de Pereira p
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No final da partitura ele escreve:
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Roquete Pinto, o lema da rádio era
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necessidade de um profissional que
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