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O Carinhoso de Cyro Pereira: Arranjo ou Composição? - ECA-USP

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Do acima apresentado, percebemos que a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> arranjo é bastante ampla,permite muitas interpretações e implica uma gran<strong>de</strong> “multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentidos”. Nestetexto interessa-nos particularmente a questão da “recomposição” que, em nossaperspectiva, <strong>de</strong>ve ser questionada, como veremos mais adiante.Paulo Aragão, no artigo intitulado Consi<strong>de</strong>rações sobre o Conceito <strong>de</strong> <strong>Arranjo</strong> naMúsica Popular, faz um estudo bastante profundo sobre o tema, salientando a existência<strong>de</strong> uma “certa in<strong>de</strong>finição conceitual e uma imprecisão no discurso, observáveis tantono cotidiano da prática musical quanto na literatura sobre música popular em geral”(2001:94-107). É importante <strong>de</strong>stacar a comparação feita por ele entre as <strong>de</strong>finições dosdicionários New Grove Dictionary e New Grove Dictionary of Jazz, obras tambémreferenciais para os musicólogos e estudiosos:Como vimos (nas <strong>de</strong>finições dos dicionários), no universo clássico arranjoseria “a reelaboração <strong>de</strong> uma composição musical, normalmente para ummeio diferente do original”, enquanto no universo popular teríamos “areelaboração <strong>ou</strong> recomposição <strong>de</strong> uma obra musical <strong>ou</strong> <strong>de</strong> parte <strong>de</strong>la (como amelodia) para um meio <strong>ou</strong> conjunto diferente do original”. Ora, temos aíconceitos relativamente parecidos. Aparentemente, a diferença maior estariana inclusão, no arranjo popular, do processo <strong>de</strong> “recomposição” alternado <strong>ou</strong>somado ao <strong>de</strong> “reelaboração”, encontrado em ambos os verbetes, além dapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem utilizados no arranjo popular apenas algunselementos do original, enquanto o arranjo clássico lidaria com o original naíntegra. (I<strong>de</strong>m, 98) 43Aqui nos <strong>de</strong>paramos, mais uma vez, com a palavra “recomposição” presente na<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> arranjo, no âmbito da música popular. Aragão <strong>de</strong>senvolve seu raciocínio nosentido <strong>de</strong> discutir a difícil tarefa <strong>de</strong> encontrar um real significado para o termo“material original”, principalmente no âmbito da música popular, ambiente no qual seinsere <strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong>. Cito novamente Aragão, ao referir-se aos verbetes arranjo, nosuniversos erudito e popular:(...) Porém, as diferenças mais marcantes entre os dois processos parecemestar camufladas pela utilização <strong>de</strong> termos iguais que <strong>de</strong>signam, na verda<strong>de</strong>,significados distintos em cada um dos dois universos musicais. É o caso, porexemplo, do termo “original”, presente em ambos os verbetes, que, <strong>de</strong> fato,43 As <strong>de</strong>finições principais dos dicionários Grove estão contidas na citação, sendo assim <strong>de</strong>snecessáriosua <strong>de</strong>scrição.33

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