De todo modo, as controvérsias em torno <strong>de</strong> Pixinguinha não serão aprofundadasnesse trabalho. Naquela época, foi esse “Pixinguinha <strong>de</strong>sbravador” que <strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong><strong>ou</strong>viu. Mas novos personagens surgem nesta história: Radamés Gnattali e LyrioPanicali.4.3 – Radamés Gnattali, Lyrio Panicali e os anos 40Radamés Gnatalli (Porto Alegre, 1906 - Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1988), transferiu-se parao Rio <strong>de</strong> Janeiro no final dos anos 20. Era pianista virtuoso <strong>de</strong> formação erudita e queria<strong>de</strong>dicar-se à composição <strong>de</strong> música <strong>de</strong> concerto, mas as circunstâncias ligadas à própriasobrevivência o impediram <strong>de</strong> seguir essa trilha. Começ<strong>ou</strong>, então, a trabalhar comopianista e arranjador <strong>de</strong> música popular.No meio da década <strong>de</strong> 30, foi contratado pela Rádio Nacional, on<strong>de</strong> passaria adividir a produção <strong>de</strong> arranjos com Pixinguinha. Aluísio Didier (1996), no seu livroRadamés Gnattali afirma:Des<strong>de</strong> 1932 colaborando na gravadora Victor e <strong>de</strong>pois na Columbia, e comofree lancer na O<strong>de</strong>on, somente uma pessoa po<strong>de</strong>ria rivalizar com Radamésnos arranjos musicais: Pixinguinha. Foram os dois os responsáveis pelaquase totalida<strong>de</strong> das orquestrações <strong>de</strong> artistas importantes, feitas na década<strong>de</strong> 30. No começo eles dividiam: os arranjos <strong>de</strong> sambas e marchas ficavamcom Pixinguinha, os <strong>de</strong> canções e músicas românticas com Radamés.Pixinguinha tocava na Orquestra Victor <strong>de</strong> Radamés. Este tocava piano nasgravações dos Diabos do Céu, <strong>de</strong> Pixinguinha. (p. 20)Gnattali é apontado por <strong>Cyro</strong> como sua principal referência musical. Não hádúvidas <strong>de</strong> que Radamés era o mais importante maestro/arranjador daquela época. Paratanto, é preciso apenas apontar os programas da Rádio Nacional on<strong>de</strong> o maestro era opersonagem principal, produzindo os arranjos e dirigindo a orquestra: “A história do Riopela Música”, “Clube dos Fantasmas e Vida Pitoresca”, “Musical dos Compositores daNossa Música Popular”. "Nossa Música Brasileira" e “Um Milhão <strong>de</strong> Melodias”.Lyrio Panicali (Queluz, 1906 - Niterói, 1984), a <strong>ou</strong>tra referência <strong>de</strong> <strong>Pereira</strong>,estud<strong>ou</strong> a partir <strong>de</strong> 1922 no Instituto Nacional <strong>de</strong> Música. Depois <strong>de</strong> ter que voltar paraSão Paulo, retorna ao Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1938 e é contratado pela Rádio Nacional, on<strong>de</strong>participava como maestro/arranjador <strong>de</strong> diversos programas, com <strong>de</strong>staque para26
"Canção Antiga", ao lado do famoso Almirante 31 . Form<strong>ou</strong> a Orquestra Melódica LyrioPanicali e teve uma atuação bastante intensa como compositor <strong>de</strong> trilhas sonoras paranovelas do rádio e cinema, e como arranjador para diversas gravadoras. Sobre ele, <strong>Cyro</strong>- em <strong>de</strong>poimento a Hermilson Garcia do Nascimento (2008) - disse: “Esse cara pra mimnão era um orquestrador, ele era um pintor. Ele era um cara que não tinha uma nota amais, se tinha um plin, era ali e naquele lugar. Era um verda<strong>de</strong>iro pintor.” 32 (p. 18)Conforme Paulo Aragão (2001), na década <strong>de</strong> 40 <strong>ou</strong>tros arranjadores, comoRadamés Gnattali e Lyrio, começaram a dividir a criação <strong>de</strong> arranjos e a direção <strong>de</strong>ssesgrupos orquestrais com Pixinguinha, que foi progressivamente entrando em umprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência que culminaria com seu “<strong>de</strong>saparecimento” do cenário musical.Este foi um dos períodos mais difíceis <strong>de</strong> sua vida, superados posteriormente com o seu“renascimento” e consagração.Nesse período, em São Paulo a Rádio Record contrat<strong>ou</strong> muitos músicos, taiscomo: Arnold Gluckmann, Hervé Cordovil, Geraldo Mendonça, Ítalo Izzo e GabrielMigliori; este último se constituiu em <strong>ou</strong>tra referência importante para <strong>Cyro</strong> no começo<strong>de</strong> sua carreira profissional.4.4 – As Rádios Argentinas, Piazzolla e os AmericanosAlém das rádios brasileiras, <strong>Cyro</strong> <strong>ou</strong>via as Argentinas, especialmente duas <strong>de</strong>Buenos Ayres: a Rádio Belgrano, fundada em 1923, a primeira a transmitir em ca<strong>de</strong>ia, ea Rádio El Mundo, fundada em 1935. Desse modo, os tangos caíram muito cedo nogosto <strong>de</strong> nosso maestro.Astor Piazzolla 33 , já era seu conhecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 40, quando ele játocava bandoneon e compunha. Ele foi sua gran<strong>de</strong> referência musical argentina, <strong>de</strong>vidoa seu caráter “revolucionário” 34 .Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado a importância dos filmes norte-americanos nessa31 “Almirante” era o nome artístico <strong>de</strong> Henrique Foréis Domingues, cantor, compositor, radialista,musicólogo, pesquisador e produtor radiofônico. Informações colhidas no Dicionário Cravo Albin daMúsica Popular Brasileira.In: http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?tabela=T_FORM_A&nome=Almirante32 Entrevista realizada em 1991.33 Deste autor <strong>Pereira</strong> escreveu para a Orquestra Jazz Sinfônica um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> peças, com<strong>de</strong>staques para Adios Nonino, As Quatro Estações Portenhas, Oblivion, El Tango <strong>de</strong>l Angel, entre muitas<strong>ou</strong>tras.34 Cf. entrevista ao autor.27
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Não, isso se chama transcrição,
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É um contraponto harmônico.E aqui
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Anexo IV - Partitura Digitalizada d