Introdução<strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong> é compositor, arranjador e maestro. Nascido em 1929, começ<strong>ou</strong> suacarreira musical aos 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> em sua cida<strong>de</strong> natal, Rio Gran<strong>de</strong>, no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Em 1950, aos 20 anos, transferiu-se para São Paulo on<strong>de</strong> trabalh<strong>ou</strong> por 23 anosna Rádio e Televisão Record. Em 1980, inici<strong>ou</strong>, com a criação <strong>de</strong> Jobimniana, aprodução <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> peças com um formato similar ao <strong>de</strong> 'Fantasias'. Tais peçassão, a nosso ver, notáveis por sua criativida<strong>de</strong> e beleza. No começo dos anos 90, torn<strong>ou</strong>semaestro da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado <strong>de</strong> São Paulo, cargo que ocupa atéhoje. Ele é um dos arquitetos sonoros da estética da Jazz Sinfônica. No arquivo daorquestra, quase <strong>de</strong>z por cento das peças são <strong>de</strong> sua autoria, contando-se tanto arranjoscomo composições.Conhecemos e admiramos as obras <strong>de</strong> <strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> nossaprópria carreira musical. Esta familiarida<strong>de</strong> com seu trabalho nos lev<strong>ou</strong> à escolha doobjeto <strong>de</strong>ste Mestrado. Entretanto, era necessário encontrar, no vasto universo musicaldo maestro – composições e arranjos – um tema bem <strong>de</strong>finido. Decidimos enveredar porsua produção classificada como “arranjos”. Entre eles, que são numerosos ediversificados, há uma divisão que po<strong>de</strong> ser proposta: “funcionais” e “livres”. Osprimeiros são aqueles produzidos para acompanhar solistas, instrumentistas <strong>ou</strong> cantores;essas peças geralmente têm uma estrutura tanto formal como harmônica semelhante aomaterial original e não suscita qualquer dúvida quanto à sua <strong>de</strong>finição. Os que estamos<strong>de</strong>nominando <strong>de</strong> “livres” geram mais <strong>de</strong>bates sobre sua rotulação, pois consi<strong>de</strong>ramosque a catalogação <strong>de</strong>stas obras tão bem construídas e imaginativas não po<strong>de</strong>ria receber a<strong>de</strong>nominação “arranjo”. Em nossa perspectiva, elas po<strong>de</strong>riam alcançar o status <strong>de</strong>“composição”. Desse modo, tal questão acab<strong>ou</strong> se transformando no cerne <strong>de</strong>stainvestigação.Esta hipótese necessitava <strong>de</strong> um recorte preciso. Elegemos a peça <strong>Carinhoso</strong> <strong>de</strong><strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong> como alvo principal <strong>de</strong> análise, comparando-a com o <strong>Carinhoso</strong> original<strong>de</strong> Pixinguinha. Uma das razões principais <strong>de</strong>ssa escolha <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> <strong>Pereira</strong>utilizar a peça completa (e não apenas um tema) para produzir sua própria obra. Outra, éa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamentos encontrados, <strong>de</strong>monstrando claramente toda suaengenhosida<strong>de</strong>, consistência e criativida<strong>de</strong> musicais.8
A importância da obra <strong>de</strong> <strong>Pereira</strong> po<strong>de</strong> ser medida pelo interesse que ela tem<strong>de</strong>spertado entre os estudiosos. Alguns trabalhos acadêmicos <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>stacados:Luciana Sayure Shimabuco (1998) fez um exaustivo levantamento <strong>de</strong> toda obraproduzida por <strong>Pereira</strong> até 1998, apresentando em seguida uma análise sobre a peçaFantasia para Piano e Orquestra sobre temas <strong>de</strong> Ernesto Nazareth; Renato Kutner(2006) elabor<strong>ou</strong> um estudo técnico e interpretativo, analisando a obra Suíte Brasiliananº2, realizando uma edição crítica da partitura e propondo a execução da peça; AdrianoDel Mastro Contó (2008), parte <strong>de</strong> uma ampla análise da escrita orquestral na músicabrasileira, enfoca a Suíte Brasiliana nº1 e discute a utilização das técnicas <strong>de</strong>orquestração presentes na obra <strong>de</strong> <strong>Cyro</strong> <strong>Pereira</strong>. Todos esses autores tratam <strong>de</strong> peçasconsi<strong>de</strong>radas como composições. Já Hermilson Garcia Nascimento (2008) discute opapel do arranjador no <strong>de</strong>senvolvimento da música popular brasileira, dando a <strong>Cyro</strong><strong>Pereira</strong> um lugar relevante.Nossa pesquisa apresenta uma proposta diferente, pois preten<strong>de</strong> colocar emquestão a própria classificação <strong>de</strong> certas peças do maestro que estão na fronteira entrecomposição e arranjo. Como já afirmamos, escolhemos analisar a obra <strong>Carinhoso</strong> mas,no segundo capítulo <strong>de</strong>ste texto, elaboramos uma listagem parcial <strong>de</strong> <strong>ou</strong>tras peças que seencontram neste mesmo patamar, à espera <strong>de</strong> um estudo específico. 1A problemática proposta exigiu que fosse realizada uma longa série <strong>de</strong> leiturasmais teóricas, envolvendo um cuidadoso estudo sobre formas musicais. Elas foramfundamentais para embasar nossas conclusões sobre a natureza dos trabalhos <strong>de</strong> <strong>Cyro</strong><strong>Pereira</strong>. Algumas teses e artigos também se mostraram valiosos, como a dissertação <strong>de</strong>Paulo Aragão (2001), e especialmente seu artigo Consi<strong>de</strong>rações sobre o conceito <strong>de</strong>arranjo <strong>de</strong> música popular, no qual ele faz um profundo estudo sobre as <strong>de</strong>finições dotermo arranjo, levantando a dificulda<strong>de</strong> em se <strong>de</strong>finir o que é material “original”,especialmente no ambiente da música popular; a dissertação <strong>de</strong> Virgínia <strong>de</strong> AlmeidaBessa (2006) e seu artigo Apontamentos para o estudo do arranjo na música popular1 Esclarecemos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já que muitas <strong>de</strong>stas obras fronteiriças citadas no segundo capítulo foram<strong>de</strong>nominadas por <strong>Cyro</strong> como Suítes. O termo Suíte parece-nos ina<strong>de</strong>quado, pois ele <strong>de</strong>ve ser utilizadopara a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> peças. Por <strong>ou</strong>tro lado, entre as composições <strong>de</strong> <strong>Pereira</strong>, encontramosexemplos apropriados para tal <strong>de</strong>nominação, como em sua série Suítes Brasilianas, pois estas possuemdiversos movimentos, <strong>de</strong>scritos a seguir. A Suíte Brasiliana nº 1 foi composta para orquestra e possuicinco movimentos (Dobrado, Toada, Valsa, Choro e Baião); a Suíte Brasiliana nº 2 foi composta paraViola solista e orquestra e possui três movimentos (Samba, Valsa e Choro); a Suíte Brasiliana nº 3 foicomposta para Violoncelo solista e orquestra e possui três movimentos (Choro, Prelúdio e Frevo); a SuíteBrasiliana nº 4 foi composta para Trompete solista e orquestra e possui três movimentos (Choro, Cançãoe Frevo).9
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Não sei direito, eu passei a usar
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Não, isso se chama transcrição,
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É um contraponto harmônico.E aqui
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