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tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

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Em capítulo posterior, voltaremos aos textos naveanos que tratam <strong>do</strong> grupo menciona<strong>do</strong>.<br />

Esses jovens ocuparam espaços políticos na década subsequente. A escrita <strong>do</strong> quinto livro <strong>de</strong><br />

Memórias – Galo das trevas – foi iniciada quan<strong>do</strong> Nava tinha 75 anos. Novamente, apresenta<br />

relatos sobre a escrita das Memórias:<br />

109<br />

A elaboração <strong>de</strong> minhas memórias foi <strong>de</strong>corren<strong>do</strong> da minha necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

isolamento – porque nosso encontro mais importante é noscos mesmos.<br />

Conversan<strong>do</strong> comigo, nessa espécie <strong>de</strong> falar sozinho é que no dia 1º <strong>de</strong> fevereiro<br />

<strong>de</strong> 1968 comecei a redigir minhas lembranças. Por elas reduzi ao mínimo minha<br />

convivência até com amigos, até com os que mais quero, para não fragmentar e<br />

<strong>de</strong>struir meu tempo, o tempo <strong>de</strong> que preciso para mim. E essa fase foi a da<br />

punção como num poço, a penetração a fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> outro homem como eu, outro<br />

misantropo e eterno esnoba<strong>do</strong>, viven<strong>do</strong> vida <strong>de</strong> exílio <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> nosso próprio<br />

país. Refiro-me ao que tem si<strong>do</strong> meu companheiro cada vez mais chega<strong>do</strong>, meu<br />

sósia, primo, amigo <strong>de</strong> infância, colégio, faculda<strong>de</strong>, vida, profissão afora. Falei<br />

<strong>de</strong>le no Chão <strong>de</strong> Ferro e no Beira-Mar. É o que no Pedro II e Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Medicina <strong>de</strong> Belo Horizonte era conheci<strong>do</strong> como Zegão e que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

forma<strong>do</strong> passou a ser o Doutor José Egon Barros da Cunha... 186<br />

Quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> lançamento das Memórias, parte <strong>do</strong> público ficou estarreci<strong>do</strong> com a<br />

linguagem <strong>de</strong>sabridada <strong>do</strong> escritor e o erotismo <strong>de</strong> muitos trechos. O erotismo é uma marca forte<br />

nos escritos <strong>de</strong> Nava. Na Exposição Navalha <strong>do</strong> Tempo, organizada pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Juiz <strong>de</strong> Fora, em comemoração ao centenário <strong>de</strong> nascimento <strong>do</strong> autor, <strong>de</strong>paramo-nos com<br />

<strong>de</strong>senhos e anotações que foram gênese das Memórias. Essa mostra foi organizada com papéis e<br />

objetos cedi<strong>do</strong>s pelo Arquivo Museu <strong>de</strong> Literatura Brasileira – Fundação Casa Rui Barbosa e por<br />

familiares <strong>do</strong> escritor. Uma sala da exposição foi <strong>de</strong>dicada ao erotismo e à pornografia.<br />

Selecionamos um texto erótico, encontro <strong>do</strong> médico com uma prostituta em Juiz <strong>de</strong> Fora, como<br />

amostra <strong>de</strong>ssa face <strong>de</strong> Pedro Nava:<br />

(...) Só com a morena, o Egon olhou mais que não cansava <strong>de</strong> olhar aquele trem<br />

divino. Ela encostou bem as costas na pare<strong>de</strong>, firmou-se, esticou as duas pernas<br />

e pegou com os pés as panturrilhas <strong>do</strong> médico que apertou num movimento <strong>de</strong><br />

tesoura. Ele, cala<strong>do</strong>, segurou os tornozelos secos, bem ossos-<strong>do</strong>-vintém assim<br />

mocotós quentes à sua mão e que se <strong>de</strong>ixaram levantar até ele <strong>de</strong>scansá-los em<br />

186 NAVA, Pedro. Galo das trevas: memórias 5. 2. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Olympio, 1981. p. 85.

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