06.12.2012 Views

tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

assumidas por grupos liga<strong>do</strong>s à Proclamação da República. Entre os focos <strong>de</strong> difusão das i<strong>de</strong>ias<br />

comtistas, <strong>de</strong>stacam-se a Escola Militar e a Socieda<strong>de</strong> Positivista, no Rio, e a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Direito <strong>de</strong> São Paulo. O pensamento <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser entendida como um organismo<br />

vivo, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>tectam questões e aspectos que po<strong>de</strong>m ser resolvi<strong>do</strong>s com raciocínio científico,<br />

garantiu a organização da República apenas como um ajuste institucional, sem alteração das<br />

estruturas sociais.<br />

Concluímos nossas observações no âmbito nacional (1870-1930), afirman<strong>do</strong> que as<br />

Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Direito e Medicina, o IHGB, os Museus Etnográficos, a Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Letras, a<br />

Aca<strong>de</strong>mia Imperial <strong>de</strong> Belas Artes – Escola Nacional <strong>de</strong> Belas Artes, bem como outras<br />

instituições que foram criadas ou reformuladas no perío<strong>do</strong>, funcionaram como instrumento<br />

i<strong>de</strong>ológico para a inserção <strong>do</strong> Brasil na or<strong>de</strong>m capitalista. A Abolição, em 1888, e a República,<br />

em 1889, foram mo<strong>de</strong>rnizações institucionais que garantiram a permanência no po<strong>de</strong>r das<br />

oligarquias <strong>do</strong> Império até 1930. As fraturas <strong>de</strong>ssa organização se fizeram visíveis com o<br />

movimento <strong>do</strong>s Tenentes em 1922, 1924 e 1926, a fundação <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista e a Semana <strong>de</strong><br />

Arte Mo<strong>de</strong>rna em 1922.<br />

Retornan<strong>do</strong> ao Baú <strong>de</strong> ossos: memórias – Capítulo III – “Paraibuna” – po<strong>de</strong>mos observar<br />

que a família nuclear <strong>de</strong> Pedro Nava permaneceu na cida<strong>de</strong> até 1913, quan<strong>do</strong> a avó materna “Nhá<br />

Luísa” faleceu. Acompanhan<strong>do</strong> o pai, Joaquim Jaguaribe, a mãe <strong>de</strong> Nava mu<strong>do</strong>u-se com os filhos<br />

para Belo Horizonte. Pedro Nava retornou à cida<strong>de</strong> como médico, permanecen<strong>do</strong> na mesma no<br />

ano <strong>de</strong> 1928. Destacaremos <strong>do</strong>is aspectos nas Memórias que consi<strong>de</strong>ramos marcantes no processo<br />

<strong>de</strong> urbanização <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora (1880-1892): a transição para o trabalho livre junto com a<br />

permanência <strong>de</strong> hábitos escravocratas e a atuação <strong>de</strong> José Nava como médico:<br />

Descen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma família citadina, filho <strong>de</strong> um comerciante liberal, meu Pai<br />

assim que conheceu melhor a sogra rural, escravocrata, <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>ra e violenta,<br />

tomou-lhe horror. Protestou logo contra a pancadaria, a palmatória e marmeleiro<br />

a que Inhá Luísa submetia as numerosas crias que tinha <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa e achou<br />

ruim esse ersatz da escravidão. Abolida esta e não se po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mais comprar o<br />

negro, as senhoras <strong>de</strong> Minas tomavam para criar negrinhas e mulatinhas sem pai<br />

e sem mãe ou dadas pelos pais e pelas mães. Começava para as <strong>de</strong>sgraçadas o<br />

<strong>do</strong>rmir vestidas em esteiras postas em qualquer canto da casa, as noites <strong>de</strong> frio, a<br />

roupa velha, o nenhum direito, o pixaim rapa<strong>do</strong>, o pé <strong>de</strong>scalço, o tapa na boca, o<br />

bolo, a férula, o correão, a vara, a solidão 167 .<br />

167 NAVA, Pedro. Baú <strong>de</strong> ossos: memórias. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Sabiá, 1972. p. 259.<br />

97

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!