tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...
tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...
tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Drummond e Nava tiveram ativa participação na edição <strong>de</strong> A Revista (três números) que,<br />
em seu lançamento, em 1925, trouxe artigo <strong>de</strong> Iago Pimentel, <strong>do</strong> qual transcreveremos um<br />
fragmento:<br />
Sobre a Psycho-analyse.<br />
Sobre a <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong> Freud ou psycho-analyse, tão divulgada, tão mal conhecida e<br />
tão mal interpretada, procuraremos dar aqui, em ligeiros traços, um rápi<strong>do</strong><br />
apanha<strong>do</strong>, remeten<strong>do</strong> o leitor que tiver interesse em melhor conhecê-la, à leitura<br />
<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> conferências, feita pelo próprio Freud, em 1909, na Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Clark, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, cuja publicação iniciaremos no próximo número<br />
<strong>de</strong>sta revista e on<strong>de</strong> se acham succintamente expostos to<strong>do</strong> o histórico e evolução<br />
da <strong>do</strong>utrina.<br />
Freud tem uma concepção dynamica da vida psychica, que elle consi<strong>de</strong>ra como<br />
um systema em evolução <strong>de</strong> forças antagonistas ou componentes; só uma<br />
pequena parte <strong>de</strong>ssas forças constitue o consciente <strong>do</strong> indivíduo, em opposição a<br />
outra parte, o inconsciente, composto <strong>de</strong> elementos muito mais numerosos e,<br />
sobretu<strong>do</strong>, muito mais activos no <strong>de</strong>terminismo da activida<strong>de</strong> mental. Estes<br />
ultimos elementos em geral <strong>de</strong> conteu<strong>do</strong> erotico, estan<strong>do</strong> muito freqüentemente,<br />
em oposição com as tendências da personalida<strong>de</strong> consciente <strong>do</strong> individuo,<br />
educa<strong>do</strong> e submeti<strong>do</strong> às coersões moraes, ethicas e sociais da civilização, ficam<br />
como que rejeita<strong>do</strong>s no inconsciente e ahi são manti<strong>do</strong>s por uma força <strong>de</strong><br />
resistencia. Mas por estarem reprimi<strong>do</strong>s, esses elementos, não per<strong>de</strong>m o seu<br />
dynamismo e continuam permanentemente a influenciar os phenomenos<br />
psychicos, esforçan<strong>do</strong>-se constantemente por virem à tona da consciencia, que<br />
não os po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> tolerar na brutalida<strong>de</strong> e sua nu<strong>de</strong>z, só os recebe disfarça<strong>do</strong>s e<br />
<strong>de</strong>sfigura<strong>do</strong>s e os exteioriza, symbolicamente, por meio <strong>de</strong> varios phenomenos:<br />
no homem são, por ten<strong>de</strong>ncias artisticas, literarias, particularida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> caracter,<br />
sonhos, etc., no <strong>do</strong>ente, por obsessões, hallucinações, <strong>de</strong>lírios, dissociações da<br />
consciencia da personalida<strong>de</strong>, em uma palavra, por symptomas <strong>de</strong> nevrose e<br />
psyco-nevrose. Tal é, em resumo, a <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong> Freud ou psycho-analyse.<br />
Como muito bem diz E. Regis, a <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong> Freud não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter gran<strong>de</strong>za, e a<br />
gran<strong>de</strong>za não só <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>utrina psychologica, mas também, como já o fizeram<br />
observar <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>utrina religiosa. Assim se explica a sua repercussão e a<br />
vehemencia apaixonada com que tem si<strong>do</strong>, quer <strong>de</strong>fendida, quer combatida.<br />
Freud não é o que se possa chamar propriamente um philosopho. Sua theoria<br />
surgiu simplesmente da observação <strong>de</strong> um medico que, preocupa<strong>do</strong> com dar<br />
allivio a seus <strong>do</strong>entes, procurava, para tentar removê-los, interpretar os symtomas<br />
estranhos, e até então mysteriosos, das nevroses e psycho-nevroses. “Antes <strong>de</strong><br />
tu<strong>do</strong>, impelliu-me a necessida<strong>de</strong> pratica”, diz o proprio Freud.<br />
E foi assim que, exploran<strong>do</strong> minuciosamente, analisan<strong>do</strong> com paciente<br />
curiosida<strong>de</strong> a alma <strong>de</strong> seus <strong>do</strong>entes, ao espírito obs... 126<br />
126 BRASIL, Psicanálise e Mo<strong>de</strong>rnismo. São Paulo: MASP, 2001. Esta transcrição encontra-se, também, na<br />
Internet, na seguinte página sobre o alcoolismo: Disponível em: Acesso<br />
em: 5 jun. 2008.<br />
72