tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...
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Destacamos, ainda, o conceito <strong>de</strong> Capital (cultural, social e simbólico) em Bourdieu<br />
(1998), <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em Escritos <strong>de</strong> Educação. A aquisição <strong>de</strong>sses capitais é complexa e não se<br />
limita ao dinheiro 73 . Na inserção social <strong>de</strong> Nava, família e escolarida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>paramo-nos com os<br />
elementos que formaram seu Capital Cultural, bens simbólicos, gosto por Literatura, Artes e<br />
<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> línguas estrangeiras. O capital social é visível na trajetória <strong>do</strong> memorialista pela<br />
valorização da educação por parte da família e pelos contatos sociais estabeleci<strong>do</strong>s nessas<br />
ativida<strong>de</strong>s. O capital simbólico está liga<strong>do</strong> a rituais <strong>de</strong> reconhecimento social e que compreen<strong>de</strong>m<br />
o prestígio e a honra. Como veremos, Nava foi “áci<strong>do</strong> crítico” das instituições, notadamente as<br />
médicas, mas inseriu-se nas mesmas, talvez por conhecê-las por <strong>de</strong>ntro, e foi referenda<strong>do</strong><br />
(prêmios, homenagens) por várias <strong>de</strong>las.<br />
Terminamos os <strong>de</strong>staques a Bourdieu recorren<strong>do</strong> ao texto <strong>de</strong> Canclini (2008) intitula<strong>do</strong> La<br />
sociologia <strong>de</strong> la cultura <strong>de</strong> Pierre Bourdieu 74 . Concordamos com Canclini, o qual i<strong>de</strong>ntifica três<br />
momentos em que Bourdieu prolonga o marxismo: a) Marx busca explicar o social por suas bases<br />
materiais. Ao estudar temas da Ciência e Educação, Bourdieu confere ao marxismo uma<br />
coerência mais exaustiva; b) Bourdieu aprofunda o marxismo quan<strong>do</strong> estuda as modalida<strong>de</strong>s<br />
concretas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação: a autonomia relativa, a pluralida<strong>de</strong> e a inter<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> funções;<br />
c) o sujeito em Bourdieu tem peso muito diverso <strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> por Marx, rechaça a concepção<br />
<strong>de</strong> aparato i<strong>de</strong>ológico e, no conceito <strong>de</strong> “Habitus”, recorre à História Social e <strong>do</strong> indivíduo:<br />
La historia <strong>de</strong> cada hombre po<strong>de</strong> ser leída como una especificación <strong>de</strong> la historia<br />
<strong>de</strong> su grupo o su clase y como la historia <strong>de</strong> la participación en las luchas <strong>de</strong>l<br />
campo. El significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> los comportamientos personales surge complejamente<br />
<strong>de</strong> esa lucha, no fluye en forma directa <strong>de</strong> la condición <strong>de</strong> clase 75 .<br />
Esses aspectos aprofundam nosso ponto <strong>de</strong> partida – textos <strong>de</strong> Hobsbawm e Fleck.<br />
Continuan<strong>do</strong> com as observações <strong>de</strong> Canclini, agora tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> que separa Bourdieu <strong>do</strong><br />
marxismo: a) não há, em Bourdieu, a Utopia <strong>de</strong> outra socieda<strong>de</strong>; b) Bourdieu busca “uma<br />
explicação simultaneamente econômica e simbólica <strong>do</strong>s processos sociais”. Segun<strong>do</strong> Canclini, o<br />
73 BOURDIEU, Pierre. Escritos <strong>de</strong> Educação. Petrópolis: Vozes, 1998.<br />
74 CANCLINI, Nestor Garcia. La sociologia <strong>de</strong> la cultura <strong>de</strong> Pierre Bourdieu. Disponível em:<br />
. Acesso em: 12 jun. 2008.<br />
75 Ibid., p.16-17.<br />
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