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tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

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organização como locais <strong>de</strong> tratamentos <strong>de</strong> <strong>do</strong>entes, em Minas Gerais, Belo Horizonte (1905) e<br />

Juiz <strong>de</strong> Fora (1907).<br />

Em Baú <strong>de</strong> ossos e Balão cativo, <strong>de</strong>paramo-nos com outras observações naveanas sobre<br />

a Medicina realizada em Juiz <strong>de</strong> Fora, nas primeiras décadas <strong>do</strong> século XX. Destacamos em Baú<br />

<strong>de</strong> ossos: a da tia materna Matil<strong>de</strong> Luísa por tifo 205 , atuação da parteira Senhorinha 206 , a<br />

apresentação <strong>do</strong> sanitarista Belizário Pena na cida<strong>de</strong> 207 , asma e tratamento <strong>de</strong> José Nava 208 ,<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> José Nava como sanitarista e luta para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a teoria havanesa na SMCJF 209 .<br />

Transcrevemos o contato <strong>de</strong> Nava com Belizário Pena:<br />

121<br />

Belisário era o próprio Dr. Belizário Pena, ainda não genial, nem sanitarista,<br />

nem discípulo <strong>de</strong> Oswal<strong>do</strong> Cruz, nem o homem <strong>do</strong> famoso slogan das três<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Brasil: “Botina, Necatorina e latrina!”. Ele aparecera em Juiz <strong>de</strong><br />

Fora pela mão <strong>de</strong> seu parente, o Dr. Feliciano Augusto <strong>de</strong> Oliveira Pena, na fase<br />

mo<strong>de</strong>sta em que o último era diretor da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Comércio. Depois, quan<strong>do</strong><br />

o Conselheiro Pena foi Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e Presi<strong>de</strong>nte da República, é que o<br />

bi-cunha<strong>do</strong> Feliciano começou a intervir na política municipal e a dar audiência<br />

nos seus paços <strong>do</strong>s altos da Rua Halfeld... Temperamento inquieto e arrebata<strong>do</strong> e<br />

taquipsíquico, queren<strong>do</strong> ir logo ao fim das coisas e estripar a galinha <strong>do</strong>s ovos <strong>de</strong><br />

ouro – o Dr. Belizário Pena não teve, apesar <strong>de</strong> bom médico, as qualida<strong>de</strong>s que<br />

fazem o bom clínico e ce<strong>do</strong> arrepiou carreira. Atirou-se à industria <strong>do</strong>s laticínios,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> falir nos secos e molha<strong>do</strong>s – não em pequena escala, mas à<br />

grandalhona – planejan<strong>do</strong> fartar <strong>de</strong> leite, queijo e manteiga Juiz <strong>de</strong> Fora, Minas;<br />

o Brasil, as Américas, o Mun<strong>do</strong>... Dota<strong>do</strong> <strong>de</strong> notável inteligência, <strong>de</strong> palavra<br />

fácil e fluente, <strong>de</strong> uma prodigiosa chalaça, <strong>de</strong> uma simpatia irradiante e da<br />

personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r que o Brasil conheceria um dia – não foi difícil transmitir<br />

suas ilusões aos que se lhe associaram na empresa. Entre estes, o nosso Dr.<br />

Andrès, com as economias granjeadas nos suores da análise gramatical, da<br />

análise lógica, das <strong>de</strong>clinações latinas, das tabuadas, das equações, <strong>do</strong> eixo da<br />

terra, da inclinação eclíptica, da história pátria e da história universal... Foi-se<br />

tu<strong>do</strong> na quebra geral e o pão que sobrou à razão Belisário & Cia. foi duro e sem<br />

manteiga. Magnífico! porque per<strong>de</strong>u-se um industrial <strong>de</strong>sastra<strong>do</strong>, mas lucrou-se<br />

o fabuloso sanitarista que se envultou no seu papel com a mesma originalida<strong>de</strong> e<br />

potencial histriônico que garantiam o sucesso invariável <strong>de</strong> suas sortes e<br />

pantomimas no Clube Juiz <strong>de</strong> Fora. Não se sabia on<strong>de</strong> acabava o apóstolo e<br />

começava o charlatão; on<strong>de</strong> terminava o higienista e principiava o caixeiroviajante<br />

<strong>do</strong> vermífugo, naquela bolinha humana <strong>de</strong> largura igual à altura que<br />

percorreu o Brasil como uma espécie <strong>de</strong> prega<strong>do</strong>r, <strong>de</strong> mestre, <strong>de</strong> camelô, <strong>de</strong><br />

messias, <strong>de</strong> ora<strong>do</strong>r popular, <strong>de</strong> empresário e re<strong>de</strong>ntor – goza<strong>do</strong> e sublime! –<br />

205 NAVA, Pedro. Baú <strong>de</strong> ossos: memórias. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Sabiá, 1972. p. 199.<br />

206 Ibid., p. 252.<br />

207 Ibid., p. 266.<br />

208 Ibid., p. 274.<br />

209 Ibid., p. 266.

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