tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...
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europeias. Houve, no perío<strong>do</strong>, a consolidação <strong>do</strong> marxismo como teoria social <strong>de</strong>batida no<br />
movimento socialista e o início <strong>de</strong> sua influência nas diversas áreas das Ciências Humanas 26 .<br />
Segun<strong>do</strong> Marx:<br />
Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a<br />
fazem sob circunstâncias <strong>de</strong> sua escolha e sim sob aquelas com que se <strong>de</strong>frontam<br />
diretamente, ligadas e transmitidas pelo passa<strong>do</strong>. A tradição <strong>de</strong> todas as gerações<br />
mortas oprime como um pesa<strong>de</strong>lo o cérebro <strong>do</strong>s vivos. E justamente quan<strong>do</strong><br />
parecem empenha<strong>do</strong>s em revolucionar-se a si e às coisas, em criar algo que<br />
jamais existiu, precisamente nesses perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> crise revolucionária, os homens<br />
conjuram ansiosamente em seu auxílio os espíritos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, toman<strong>do</strong>-lhes<br />
empresta<strong>do</strong> os nomes, os gritos <strong>de</strong> guerra e as roupagens, a fim <strong>de</strong> apresentar a<br />
nova cena da história <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> nesse disfarce tradicional e nessa linguagem<br />
emprestada. Assim, Lutero a<strong>do</strong>tou a máscara <strong>do</strong> apóstolo Paulo, a Revolução <strong>de</strong><br />
1789/1814 vestiu-se alternadamente como a República Romana e como o<br />
Império Romano, e a Revolução <strong>de</strong> 1848 não soube fazer nada melhor <strong>do</strong> que<br />
parodiar ora 1789, ora a tradição revolucionária <strong>de</strong> 1793/1795. De maneira<br />
idêntica, o principiante que apren<strong>de</strong> um novo idioma traduz sempre as palavras<br />
<strong>de</strong>ste idioma para sua língua natal; mas, só quan<strong>do</strong> pu<strong>de</strong>r manejá-lo sem apelar<br />
para o passa<strong>do</strong> e esquecer sua própria língua no emprego da nova, terá<br />
assimila<strong>do</strong> o espírito <strong>de</strong>sta última e po<strong>de</strong>rá produzir livremente nela 27 .<br />
A transcrição apresentada é como uma sín<strong>tese</strong> <strong>do</strong> pensamento <strong>de</strong> Marx e, talvez, por isso<br />
seja um <strong>do</strong>s textos mais conheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> autor. Recorremos ao texto por reconhecermos a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contextualizar o objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste trabalho e também por acreditarmos que<br />
nosso olhar e nossa escrita são comprometi<strong>do</strong>s com nossa trajetória como seres sociais. A<br />
proposta <strong>de</strong> realizar o estu<strong>do</strong> seguin<strong>do</strong> os postula<strong>do</strong>s da linha <strong>de</strong> pesquisa Ciência e Cultura na<br />
História está inserida em toda uma movimentação que tem si<strong>do</strong> presente na historiografia<br />
contemporânea. Nos próximos parágrafos, faremos consi<strong>de</strong>rações sobre a questão.<br />
História Social? História da Cultura? História Social da Cultura? Os ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong><br />
resumos <strong>do</strong>s Congressos da Associação Nacional <strong>do</strong>s Professores Universitários <strong>de</strong> História<br />
(ANPUH) são amostragens da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisas em andamento e <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>s<br />
temáticas. Parece-nos que a história brasileira está sen<strong>do</strong> vasculhada pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s<br />
26 CASANOVA, Julián. La historia social y los historia<strong>do</strong>res. Barcelona: Editorial Crítica, 1990. p. 20.<br />
27 MARX, Karl. O 18 <strong>de</strong> brumário <strong>de</strong> Louis Bonaparte. São Paulo: Centauro, 2003.<br />
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