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tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

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CONCLUSÃO<br />

Esperamos ter <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> que as Memórias <strong>de</strong> Pedro Nava são fontes <strong>do</strong>cumentais para<br />

os estu<strong>do</strong>s das relações Medicina e socieda<strong>de</strong> brasileira no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1890-1940. Os livros<br />

abrangem temas <strong>de</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVIII às quatro primeiras décadas <strong>do</strong> século XX.<br />

Destacamos o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1890 a 1940, pois, no mesmo, encontramos os tópicos propostos para<br />

esta pesquisa. Procuramos mostrar a obra naveana como fontes <strong>do</strong>cumentais para os estu<strong>do</strong>s das<br />

relações Medicina e socieda<strong>de</strong> brasileira. Entretanto, consi<strong>de</strong>ramos que a Medicina está inserida<br />

em um momento histórico, por conseguinte, correlacionada com outras áreas. O caráter<br />

enciclopédico da memorialística naveana aponta para essas correlações. Os textos naveanos estão<br />

inseri<strong>do</strong>s no processo <strong>de</strong> urbanização da socieda<strong>de</strong> brasileira. São visíveis <strong>do</strong>is momentos <strong>de</strong>sse<br />

processo: a inserção <strong>do</strong> país no capitalismo monopolista (1870-1920) e a busca <strong>de</strong> soluções para a<br />

criação <strong>de</strong> uma nova socieda<strong>de</strong> após a crise <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo que se fez sentir após o conflito <strong>de</strong> 1914-<br />

1918. Pedro Nava, em Baú <strong>de</strong> ossos, observa o cenário europeu no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1880 a 1914,<br />

décadas finais da Belle Époque:<br />

160<br />

La belle époque... O que teria si<strong>do</strong> ao justo essa belle époque? Diferente das<br />

outras épocas? Melhor? Ao pensar nela, em conjunto, tem-se a impressão <strong>de</strong><br />

uma farândula <strong>de</strong> sobrecasacas e cartolas <strong>de</strong> mil reflexos, <strong>de</strong> senhores – catleias<br />

na lapela, <strong>de</strong> senhoras numa nuvem <strong>de</strong> plumas – vastas mamas, cinturas finas e<br />

generosas ná<strong>de</strong>gas, evoluin<strong>do</strong> ao som <strong>do</strong>s primeiros fonógrafos, à luz das<br />

primeiras lâmpadas elétricas, ou sob os céus <strong>de</strong> Longchamps corta<strong>do</strong>s pelos<br />

primeiros aeroplanos. Príncipes ostensivos e reis incógnitos evoluem no<br />

Maxim’s, em Montecarlo e na Promena<strong>de</strong> <strong>de</strong>s Anglais, dan<strong>do</strong> o braço a<br />

cocottes complicadas como polipieiros, como máquinas, como besouros, como<br />

armaduras. (...) La belle époque. Teria si<strong>do</strong>, ao menos, bela? Ou julgamo-la<br />

bela pela ilusão <strong>de</strong> que tu<strong>do</strong> estava pronto – quan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> estava é por <strong>de</strong>struir e<br />

que era necessário recomeçar da primeira pedra. Foi apenas um ponto alto <strong>de</strong><br />

montanha, vinga<strong>do</strong>. Mas era preciso <strong>de</strong>scer <strong>de</strong> novo, tornar a subir, outra vez<br />

<strong>de</strong>scer, ainda subir, mais uma vez rolar. Aquela parada durou uns vinte e quatro<br />

anos e ficou entre <strong>do</strong>is estouros: o da bomba <strong>de</strong> Vaillant, que sacudiu a Câmara<br />

<strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s Franceses – La séance continue... – e o <strong>do</strong> tiro <strong>de</strong> revólver <strong>de</strong><br />

Prinzip, que sacudiu Serajevo, a Áustria, a Europa, o Mun<strong>do</strong>, e <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> qual<br />

nada continuou. Belle époque – fenômeno francês, no tempo em que a terra só<br />

tinha uma capital – Paris. (...) Quan<strong>do</strong> começou essa época? Na hora em que<br />

Proust ouviu, na Sorbonne, a primeira aula <strong>de</strong> Bergson, ou quan<strong>do</strong> Guilherme<br />

II meteu o pé na bunda <strong>de</strong> Bismarck? Ou quan<strong>do</strong> Sadi Carnot foi sangran<strong>do</strong>,

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