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tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

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Tísica galopante era o nome da<strong>do</strong> a uma forma <strong>de</strong> tuberculose – enfermida<strong>de</strong> contagiosa e<br />

ameaça<strong>do</strong>ra até o advento <strong>de</strong> medicação específica no século XX. Nava menciona a <strong>do</strong>ença em<br />

vários momentos das Memórias, pois, como médico, teve momentos marcantes <strong>de</strong> experiência<br />

com essa enfermida<strong>de</strong>. A viúva empobrecida, Dona Nanoca, por ter si<strong>do</strong> lesada pelo sócio <strong>do</strong><br />

mari<strong>do</strong>, Vaz Junior, retorna para Fortaleza: “Assim ela embarcou no Largo <strong>do</strong> Paço, carregan<strong>do</strong><br />

nos braços sua filha Maria Euquéria, <strong>de</strong> seis meses e em cacho nas suas saias, Cândida, <strong>de</strong> sete<br />

anos; Dinorá, <strong>de</strong> seis; Alice, <strong>de</strong> cinco; José <strong>de</strong> quatro” 147 . Em 1881, morreu A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Cândida,<br />

irmã <strong>de</strong> Nanoca. “Uns <strong>do</strong>is ou três anos <strong>de</strong>pois, seu viúvo casa-se com minha avó” 148 . José Nava<br />

nasceu e viveu em Fortaleza até os 20 anos (1876-1896) quan<strong>do</strong> se dirigiu para Salva<strong>do</strong>r, on<strong>de</strong><br />

estu<strong>do</strong>u por um ano. Depois se transferiu para o Rio <strong>de</strong> Janeiro, on<strong>de</strong> se formou em Farmácia, em<br />

1898, e em Medicina, em 1901. José Nava era entea<strong>do</strong> <strong>do</strong> tabelião Joaquim Feijó <strong>de</strong> Melo. As<br />

revivescências <strong>do</strong> memorialista sobre a família paterna são pertinentes a um grupo da média<br />

burguesia que viveu na capital da Província <strong>do</strong> Ceará no perío<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> como a Belle Époque<br />

(1870-1914). A seguir, Nava comenta sobre o padrasto <strong>de</strong> seu pai e outros familiares:<br />

Convivente, cavalheiro, gostan<strong>do</strong> <strong>de</strong> receber e fazen<strong>do</strong>-o como um fidalgo, o<br />

velho Feijó influiu po<strong>de</strong>rosamente na maneira gentil e na boa educação <strong>de</strong> meu<br />

Pai. Militante histórico da imprensa da terra e homem <strong>de</strong> espírito, foi também a<br />

primeira impressão intelectual sentida pelo entea<strong>do</strong>. A segunda foi a <strong>de</strong> José<br />

Carlos da Costa Ribeiro Junior, que entrou para a família em 1884, por seu<br />

casamento com Maria Feijó da Costa Ribeiro. José Carlos – que meu Pai<br />

consi<strong>de</strong>rava como cunha<strong>do</strong> e tinha por “mestre e amigo”, era um tipo <strong>de</strong> letra<strong>do</strong><br />

provinciano, <strong>do</strong>s mais admiráveis <strong>do</strong> seu tempo. Filósofo, crítico, contista, poeta,<br />

jornalista, foi o Bruno Jacy da Padaria Espiritual. Bacharel pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Direito <strong>do</strong> Recife, em 1882, sequaz das i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Tobias Barreto, foi Promotor<br />

Público na capital pernambucana e mais tar<strong>de</strong> Procura<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Feitos e Secretário<br />

<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Fazenda, Juiz, Chefe <strong>de</strong> Polícia e Advoga<strong>do</strong> na Fortaleza. Sua mais<br />

notável ativida<strong>de</strong> foi, entretanto, a <strong>de</strong> professor, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> diretor <strong>do</strong> Liceu <strong>do</strong><br />

Ceará, on<strong>de</strong> regia a cátedra <strong>de</strong> Alemão 149 .<br />

Na observação <strong>de</strong> Nava “na boa educação <strong>de</strong> meu Pai” e na continuação <strong>do</strong> texto, temos<br />

um bom exemplo <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Bourdieu menciona<strong>do</strong>s no capítulo anterior. Em outro<br />

147 NAVA, Pedro. Baú <strong>de</strong> ossos: memórias. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Sabiá, 1972. p. 79.<br />

148 Ibid., p. 80.<br />

149 Ibid., p. 82.<br />

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