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tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

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humano e os aspectos que o ameaçam constantemente. Vida, <strong>do</strong>ença e morte. Vemos, nessas<br />

observações, a influência <strong>do</strong> Vitalismo <strong>de</strong> Bichat, popularizada nos manuais escolares para quem<br />

a “vida é um conjunto <strong>de</strong> funções que evita a morte”:<br />

138<br />

Mas fantástico na vida <strong>do</strong> futuro médico é o que vai tiran<strong>do</strong> da experiência<br />

adquirida dia a dia na exploração <strong>de</strong>ssa coisa prodigiosa que é o corpo humano.<br />

Ele é sempre admirável. Admirável no crescimento, no milagre da a<strong>do</strong>lescência,<br />

na saú<strong>de</strong> plena e na eurritmia da ida<strong>de</strong> madura, da vida em sua pujança, seu<br />

transbordamento na reprodução. Igualmente admirável na impotência, nos<br />

<strong>de</strong>sequilíbrios da velhice, na senectu<strong>de</strong>, na cacoquimia, na <strong>do</strong>ença, na<br />

<strong>de</strong>sagregação e na morte. Tu<strong>do</strong> isto tem harmonias correlatas e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

trabalho tão complexo para criar, como para <strong>de</strong>struir, para fazer a vida e fabricar<br />

a morte. Temos <strong>de</strong> reconhecer essas forças da natureza e <strong>de</strong>las tirar nossa<br />

filosofia médica e nossa lição <strong>de</strong> modéstia. Ce<strong>do</strong> compreendi que nós, <strong>do</strong>utores,<br />

po<strong>de</strong>mos, quan<strong>do</strong> muito, alterar e modificar a vida pelo ferro cirúrgico e pelo<br />

veneno remédio, procuran<strong>do</strong> que a alteração introduzida esteja no caminho da<br />

vis medicatrix naturae. Nesse senti<strong>do</strong> ajudamos e só ajudamos quan<strong>do</strong> remamos<br />

a favor da maré. Je pense, Dieu guérit – dizia humil<strong>de</strong>mente Ambroise Paré – o<br />

Pai da Cirurgia. O gran<strong>de</strong> equívoco <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s – <strong>do</strong>entes e médicos – é julgar que<br />

prolongan<strong>do</strong> a vida por alteração <strong>de</strong> condições, estamos combaten<strong>do</strong> a Morte.<br />

Jamais. Tanto quanto imbatível ela é incombatível. Prova: só ampliamos vida<br />

que existe. Em seu lugar não temos o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> colocar mais nada porque na<br />

medida que ela se retrai, diminui e bate em retirada, cada milímetro é<br />

conquista<strong>do</strong> implacavelmente pela Morte Triunfante 237 .<br />

Nava terminou o curso <strong>de</strong> Medicina em 1927, colan<strong>do</strong> grau em janeiro <strong>de</strong> 1928. Ingressou<br />

como médico na Secretaria <strong>de</strong> Segurança Pública e, como tal, foi <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para trabalhar no<br />

Centro <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora. Conforme <strong>de</strong>stacamos em momentos anteriores, Nava foi<br />

apaixona<strong>do</strong> pelos estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Anatomia. Sempre que fez referências às pessoas presentes em suas<br />

Memórias, fez isso com a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um anatomista ao olhar os aspectos externos <strong>do</strong> corpo.<br />

Ainda com a postura anatômica, tratou <strong>do</strong>s elementos que formam a vida interior <strong>do</strong>s sujeitos.<br />

Por sua formação, <strong>de</strong>senvolveu o hábito <strong>de</strong> observar os “sinais” <strong>do</strong> corpo que apontam<br />

enfermida<strong>de</strong> e morte. Escreveu longos textos sobre o assunto.<br />

237 NAVA, Pedro. Beira-mar: memórias 4. 2. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Olympio, 1979. p. 332-333.

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