tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...
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A discussão racial envolveu instituições brasileiras <strong>de</strong> 1870 a 1930. O assunto foi<br />
aborda<strong>do</strong> nos estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Frenologia <strong>do</strong>s Museus Etnográficos, na leitura <strong>do</strong>s germânicos pela<br />
Escola <strong>de</strong> Recife, na análise liberal da Escola <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> São Paulo, no meio católico<br />
evolucionista <strong>do</strong>s Institutos Históricos e Geográficos, nas questões eugênicas das Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Medicina e no ensino da Aca<strong>de</strong>mia Imperial <strong>de</strong> Belas Artes e Escola Nacional <strong>de</strong> Belas Artes.<br />
Essas instituições foram criadas ou reorganizadas como parte <strong>do</strong> aparato urbano que se estava<br />
implantan<strong>do</strong>, e foram contemporâneas à preocupação da intelectualida<strong>de</strong> com o reconhecimento<br />
<strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. Na década <strong>de</strong> 1880, a intelectualida<strong>de</strong> brasileira dividiu-se na a<strong>de</strong>são<br />
ao Positivismo <strong>de</strong> Comte, ao Darwinismo Social e ao Evolucionismo <strong>de</strong> Spencer. Segun<strong>do</strong> Ortiz,<br />
o contorno racista marcou o pensamento <strong>do</strong>s precursores das Ciências Sociais no Brasil, como os<br />
escritos <strong>de</strong> Sílvio Romero, Eucli<strong>de</strong>s da Cunha e Nina Rodrigues. As propostas <strong>do</strong> Instituto<br />
Histórico e Geográfico Brasileiro estudadas por Guimarães já foram <strong>de</strong>stacadas no Capítulo I<br />
<strong>de</strong>ste trabalho.<br />
A criação, em 1828, das Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> Recife e São Paulo teve a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
formar uma elite intelectual apta a ocupar os cargos burocráticos <strong>do</strong> país. Na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Recife, o evolucionismo foi presente na leitura que Tobias Barreto fez <strong>de</strong> Haeckel e Buckle, na<br />
difusão <strong>de</strong> Spencer, Darwin, Litré, Le Bon e Gobineau. Sílvio Romero representou o apego ao<br />
evolucionismo, quan<strong>do</strong> propôs a mestiçagem como solução para a homogeneida<strong>de</strong> nacional. A<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> São Paulo, cida<strong>de</strong> que, após a década <strong>de</strong> 1970, <strong>de</strong>spontou como centro<br />
político e financeiro, impôs-se como instituição forma<strong>do</strong>ra da elite político-administrativa<br />
nacional até 1930. Defen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a ação <strong>de</strong> um esta<strong>do</strong> liberal acima das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s raciais,<br />
embebida por postula<strong>do</strong>s positivistas, essa elite evi<strong>de</strong>nciou sua a<strong>de</strong>são ao evolucionismo, por<br />
exemplo, quanto à imigração.<br />
Schwarcz exemplifica como a Socieda<strong>de</strong> Central <strong>de</strong> Imigração (1883-1891), influenciada<br />
por políticos paulistas, referiu-se ao caráter "atrofia<strong>do</strong>, corrupto, bastar<strong>do</strong>, <strong>de</strong>prava<strong>do</strong> e em uma<br />
palavra <strong>de</strong>testável da raça chinesa". Continua a autora, chaman<strong>do</strong> a atenção para o Decreto nº.<br />
528, <strong>de</strong> 1890, que abria o Brasil a imigrantes que tivessem boa conduta em seus países, com<br />
exceção <strong>de</strong> africanos e asiáticos 161 .<br />
161 SCHWARCZ, Lílian, Moritz. O espetáculo das raças: cientistas e a questão racial no Brasil – 1870-1930. São<br />
Paulo: Companhia das Letras, 1993. p. 184-185.<br />
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