tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...
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projeto <strong>de</strong> Simiand; aban<strong>do</strong>nou o pressuposto <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> singular, <strong>do</strong><br />
específico, <strong>do</strong> irrepetível, recusan<strong>do</strong> o "evento"; aban<strong>do</strong>nou o pressuposto <strong>do</strong><br />
fim que justifica to<strong>do</strong> o passa<strong>do</strong>, o presente e o futuro, recusan<strong>do</strong> a forma<br />
narrativa <strong>do</strong> discurso histórico; aban<strong>do</strong>nou o pressuposto <strong>do</strong> sujeito consciência<br />
cívica, <strong>de</strong> si ou <strong>de</strong> classe, recusan<strong>do</strong> a ação social prescrita por essas<br />
consciências; aban<strong>do</strong>nou o pressuposto da história partidária, parcial, a serviço<br />
<strong>de</strong> po<strong>de</strong>res religiosos e políticos, recusan<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ologização <strong>do</strong> discurso<br />
histórico; aban<strong>do</strong>nou o pressuposto <strong>do</strong> tempo cronológico, linear e irreversível,<br />
recusan<strong>do</strong> o evolucionismo progressista; aban<strong>do</strong>nou o pressuposto da história<br />
conhecimento <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, recusan<strong>do</strong> a "história-museu". O rol das recusas é,<br />
portanto, extenso. Quais seriam as novas propostas? 35<br />
Observamos que essas propostas foram contrárias às abordagens <strong>de</strong> João Ribeiro,<br />
menciona<strong>do</strong> anteriormente. No Brasil, três livros na década <strong>de</strong> 1930 são i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> novas<br />
questões colocadas pela História e Ciências Sociais. Nos anos 1930, Gilberto Freyre (1933)<br />
publicou Casa Gran<strong>de</strong> & Senzala; Caio Pra<strong>do</strong> Júnior (1933) publicou Evolução política <strong>do</strong><br />
Brasil e Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda (1936) publicou Raízes <strong>do</strong> Brasil. São obras funda<strong>do</strong>ras <strong>do</strong><br />
Mo<strong>de</strong>rnismo em História e Sociologia no Brasil, na década em que se buscava enten<strong>de</strong>r o país<br />
para a construção <strong>de</strong> uma nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional. Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda busca, nas<br />
Ciências Sociais, notadamente nos estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Max Weber e na influência <strong>do</strong>s Annales, suportes<br />
para a construção <strong>de</strong> um entendimento da socieda<strong>de</strong> brasileira. Em Holanda, <strong>de</strong>paramo-nos com<br />
observações e posturas que, posteriormente, receberam as <strong>de</strong>nominações <strong>de</strong> História Cultural,<br />
Mentalida<strong>de</strong>s, Cotidiano, etc. Gilberto Freyre, influencia<strong>do</strong> pela Antropologia norte-americana,<br />
usa novas fontes na busca <strong>de</strong> uma compreensão da socieda<strong>de</strong> brasileira. Caio Pra<strong>do</strong> Júnior parte<br />
<strong>do</strong> materialismo histórico para a escrita <strong>de</strong> uma História <strong>do</strong> Brasil 36 .<br />
Essas obras são i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s da socieda<strong>de</strong> brasileira nas décadas<br />
seguintes. A década <strong>de</strong> 1930, no Brasil (Era Vargas, 1930-1945), foi palco <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização da<br />
socieda<strong>de</strong> conduzida pelo Esta<strong>do</strong>, perío<strong>do</strong> marcante nas relações Medicina e socieda<strong>de</strong>. Nos<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Europa, o perío<strong>do</strong> justifica o epíteto <strong>de</strong> Hobsbawm (1995) na obra Era <strong>do</strong>s<br />
extremos: o breve século XX: 1914-1991. Destaca-se que <strong>do</strong>is grupos <strong>de</strong> intelectuais são<br />
marcantes, no perío<strong>do</strong>, em estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> História. Na Inglaterra, encontramos os historia<strong>do</strong>res que<br />
ficaram conheci<strong>do</strong>s como historia<strong>do</strong>res marxistas e, ao final <strong>do</strong> século, neomarxistas. O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
35 REIS, José Carlos. A Escola <strong>do</strong>s Annales: a inovação em História. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 67.<br />
36 Dentre os estu<strong>do</strong>s sobre os autores menciona<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>stacamos: VELOSO, Mariza; MADEIRA, Angélica. Leituras<br />
brasileiras: itinerários no pensamento social e na literatura. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 1999.<br />
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