tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...
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Belo Horizonte está presente em inúmeras páginas <strong>do</strong>s textos <strong>de</strong> Pedro Nava. Em 1913,<br />
com <strong>de</strong>z anos, o memorialista acompanha a família em mudança para a capital mineira. Páginas<br />
<strong>de</strong> Balão cativo são mostras <strong>do</strong> final da Belle Époque da capital mineira – cida<strong>de</strong> que é um ícone<br />
<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> se buscou pôr abaixo os resquícios coloniais que a<strong>de</strong>ntraram pelo Império. A<br />
presença das propostas <strong>do</strong> urbanismo da segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX, que teve como focos<br />
irradia<strong>do</strong>res Paris e Viena, fez-se presente nos projetos <strong>de</strong> Aarão Reis, na construção da cida<strong>de</strong>.<br />
As construções e o cotidiano <strong>de</strong> Belo Horizonte são os cenários das Memórias <strong>de</strong> Nava evoca<strong>do</strong>s<br />
nesse volume. Nava <strong>de</strong>ixou Belo Horizonte em 1915, ruman<strong>do</strong> para o Rio <strong>de</strong> Janeiro a fim <strong>de</strong><br />
estudar no Colégio D. Pedro II. Beira-mar: memórias 4 trata da capital mineira na década <strong>de</strong><br />
1920 e mostra as contradições da Belle Époque nas questões nacionais.<br />
Chão <strong>de</strong> ferro: memórias 3 tem como palco o Rio <strong>de</strong> Janeiro, local em que Nava conviveu<br />
com os parentes paternos liga<strong>do</strong>s à intelectualida<strong>de</strong> local e estu<strong>do</strong>u no Colégio D. Pedro II. Os<br />
textos naveanos traçam um painel da então capital fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> mea<strong>do</strong>s e final da década <strong>de</strong> 1910.<br />
A historiografia europeia põe o final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> em 1914, eclosão da Primeira Guerra Mundial.<br />
No Brasil, a visibilida<strong>de</strong> da crise <strong>do</strong> Liberalismo se fez com mais niti<strong>de</strong>z na década seguinte.<br />
Nava trata da questão em Beira-mar: memórias 4. Na reconstituição <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>rnismo em sua<br />
vertente mineira e no ensino da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Belo Horizonte, estão setas que<br />
apontam para a necessida<strong>de</strong> da construção <strong>de</strong> uma nova socieda<strong>de</strong>. As contradições visíveis, após<br />
1914, eram prenunciadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX.<br />
O Romantismo e o Realismo, movimentos culturais e artísticos, nasceram das questões<br />
mencionadas e tiveram consciência disso. Nas palavras <strong>de</strong> Ernest Fischer: “O romantismo foi um<br />
movimento <strong>de</strong> protesto apaixona<strong>do</strong> e contraditório contra o mun<strong>do</strong> das “ilusões perdidas”, contra<br />
a prosa inóspita <strong>do</strong>s negócios e <strong>do</strong>s lucros” 22 . Segun<strong>do</strong> o autor, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os Discursos <strong>de</strong> Rousseau<br />
até a publicação <strong>do</strong> Manifesto Comunista (1848), o Romantismo foi o pensamento <strong>do</strong>minante nas<br />
artes e literatura europeias. Os nacionalismos, aspecto marcante <strong>do</strong> Romantismo, exercerão papel<br />
fundamental na crise <strong>do</strong> Liberalismo. Colocamos como Realismo o aprofundamento em questões<br />
já levantadas por alguns românticos, tais como questões sociais e <strong>do</strong> comportamento humano,<br />
que foram aprofundadas após a segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX. No próximo parágrafo,<br />
<strong>de</strong>senvolveremos observações sobre o assunto.<br />
22 FISCHER, Ernest. A necessida<strong>de</strong> da arte. 9. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Zahar, 2002.<br />
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