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tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

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perfeito e, em momentos anteriores <strong>de</strong>sse livro, <strong>de</strong>ixou observações sobre o assunto. A respeito<br />

<strong>do</strong> tratamento da<strong>do</strong> a Ismael Neri, comentou:<br />

145<br />

Que os pariu...! Com esse tratamento <strong>de</strong>sumano foi-se tu<strong>do</strong> quanto é <strong>de</strong>fesa<br />

<strong>de</strong>sse moço e suas reservas <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> foram arrasadas. Daí aquela febre<br />

contínua que só abrandava um pouco durante o dia. Nunca inferior a trinta e sete<br />

e meio, e oito, e nove, trinta e oito. E aquela si<strong>de</strong>ração que dava uma impressão<br />

tífica, o abatimento. De madrugada eram as subidas até quarenta, quarenta e<br />

meio. A queda começan<strong>do</strong> e os suores. E o curioso é que as radiografias só<br />

mostravam lesões miliares disseminadas, mas nenhuma cavitação. Era mesmo<br />

uma forma tóxica gravíssima, tifo-bacilose <strong>de</strong> Lan<strong>do</strong>uzy (que a chamavam os<br />

antigos) e ele não queria ser Egon e rasgaria seu diploma se não fosse o<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> aniquilamento das <strong>de</strong>fesas <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente – tu<strong>do</strong>, mas tu<strong>do</strong> mesmo,<br />

provoca<strong>do</strong> por um tratamento <strong>de</strong> consequências ainda não bem apreciadas na<br />

época, feito como a um animal <strong>de</strong> laboratório e não naquele homem que ali<br />

estava – aquele homem <strong>de</strong> fina qualida<strong>de</strong>. Anima nobilissima... Era isso mesmo<br />

e... que os pariu...! 251<br />

Nava aceitou cuidar <strong>de</strong> Ismael Neri. Paralelamente, junto com o colega Eliezer:<br />

“Entrosavam-se assim na tradição da linha <strong>de</strong> centro da clínica médica brasileira – nobilitada por<br />

sua saída das mãos <strong>de</strong> Miguel Couto, Francisco <strong>de</strong> Castro, Torres Homem e <strong>do</strong> cria<strong>do</strong>r <strong>de</strong> nossa<br />

medicina interna: Manuel Francisco <strong>de</strong> Valadão Pimental, barão <strong>de</strong> Petrópolis” 252 . Nesse<br />

momento, participou <strong>do</strong> uso pioneiro das sulfamidas e comentou que ele e outros não sabiam que<br />

estavam participan<strong>do</strong> <strong>do</strong> início <strong>de</strong> uma revolução que seria completada nos anos 1940 com a<br />

penicilina. Nas palavras <strong>de</strong> Nava: “A clínica interna reabilitan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> inércia – ia<br />

começar realmente a curar e emparelhar-se com o fabuloso <strong>de</strong>senvolvimento a que tinha chega<strong>do</strong><br />

a cirurgia no nosso século” 253 . Sobre a assistência a Ismael Neri e o resulta<strong>do</strong> da mesma, Nava<br />

afirma:<br />

(...) Sua medicação principal era a sintomática – dirigida a to<strong>do</strong>s os sintomas e<br />

sinais, sobretu<strong>do</strong> os que mais o atormentavam como a tosse, a febre, os suores.<br />

Assim o Egon estava sempre a ministrar-lhe a co<strong>de</strong>ína, o pirami<strong>do</strong>, a aspirina, e<br />

251 NAVA, Pedro. O círio perfeito: memórias 6. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira, 1983. p. 280.<br />

252 Ibid., p. 297.<br />

253 Ibid., p. 311.

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