06.12.2012 Views

tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

interno. Trata-se <strong>de</strong> um estabelecimento público <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a preparar setores privilegia<strong>do</strong>s para o<br />

ingresso nos cursos superiores. Nos finais <strong>de</strong> semana, ia para casa <strong>do</strong>s parentes paternos,<br />

intelectuais e funcionários públicos. O a<strong>do</strong>lescente se espanta com o que vê: “Nunca eu tinha<br />

visto tanto livro como na biblioteca <strong>de</strong> meu tio” 216 . Outra observação sobre a residência <strong>do</strong>s tios:<br />

“As reuniões noturnas da Pensão Moss adquiriram caráter nitidamente literário com a mudança<br />

para a mesma <strong>do</strong> poeta Heitor <strong>de</strong> Lima 217 .<br />

O a<strong>do</strong>lescente teve gratificante acolhida <strong>do</strong>s parentes e estímulo para <strong>de</strong>dicação aos<br />

estu<strong>do</strong>s e leitura. As experiências <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> a<strong>de</strong>ntram pelo terceiro livro – Beira-mar. No<br />

Colégio Pedro II, entre os colegas, <strong>de</strong>stacou-se pelo <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> inglês e talento com o Desenho.<br />

Permaneceu na instituição <strong>de</strong> 1916 a 1921. No perío<strong>do</strong>, testemunhou a epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> gripe que<br />

ficou conhecida como “Espanhola” e o cotidiano da intelectualida<strong>de</strong> carioca. Nava ampliou seu<br />

capital cultural (francês, literatura), social (contatos com filhos <strong>do</strong>s grupos <strong>do</strong>minantes) que<br />

formaram o capital simbólico (boas maneiras, <strong>do</strong>mínios <strong>de</strong> código da “boa educação”), que lhe<br />

permitiram ascen<strong>de</strong>r socialmente, mesmo sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> família pobre. Para atingir o objetivo <strong>de</strong>ste<br />

capítulo, ou seja, a i<strong>de</strong>ntificação das questões ligadas à Medicina, <strong>de</strong>stacamos o texto relativo à<br />

História Natural:<br />

125<br />

(...) Quan<strong>do</strong> principiou o ano letivo encontramos o Lafayette tinin<strong>do</strong> e pronto<br />

para começar suas aulas. A primeira que ele nos <strong>de</strong>u foi também a <strong>de</strong> sua estreia<br />

como professor <strong>do</strong> Colégio Pedro II. (...) Ele acrescentou então que os livros<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s seriam o Paula Lopes, o Pizon, o Aubert e o Remy Perrier. Mas que o<br />

livro principal seria ele mesmo, ele, Lafayette, que ia dar um curso, e não ficar<br />

nessa <strong>de</strong> marcar lição, tomar lições. (...) Explicou que aos reinos <strong>de</strong> Linneu,<br />

Collerson acrescentara mais um – o planetário, cujo exemplo típico estava no<br />

Sol, como para o animal, no Homem, para o vegetal, na Vinha, para o mineral,<br />

no Ouro. Mostrou Geofroy <strong>de</strong> Saint-Hilaire, orgulhosamente, queren<strong>do</strong> separar<br />

essa imundície humana num quinto reino on<strong>de</strong> tronaria sozinho o Homo sapiens.<br />

Ele, Lafayette, era contra isso e propunha que dividíssemos os seres da natureza<br />

num primeiro grupo <strong>de</strong> inérticos, ou inorganiza<strong>do</strong>s, ou brutos; e num segun<strong>do</strong>,<br />

comportan<strong>do</strong> os seres vivos ou orgânicos. Nesse estávamos nós, os homens, em<br />

comum com as serpentes, os morcegos, os sapos, as lesmas, as zebras, as hienas.<br />

Mostrou o homem feito <strong>de</strong> células, falou <strong>de</strong> sua continuida<strong>de</strong>, quase eternida<strong>de</strong> –<br />

omnis cellula ex cellula. Disse <strong>de</strong>stas se dispon<strong>do</strong> em teci<strong>do</strong>s; das funções e<br />

proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses teci<strong>do</strong>s; das localizações <strong>do</strong> encéfalo. E a alma? <strong>do</strong>utor,<br />

on<strong>de</strong>? fica nossa alma. Ele riu largamente. Que alma? Foi uma bomba. Ouvimos<br />

pela primeira vez os nomes <strong>de</strong> Clau<strong>de</strong>-Bernard, Berthelot, Cuvier, Huxley,<br />

216 NAVA, Pedro. Balão cativo: memórias 2. Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Olympio, 1973. p. 191.<br />

217 Ibid., p. 115.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!