tese - vanda do vale arantes - ufmg - Biblioteca Digital de Teses e ...
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Janeiro, em 1932 (Reforma Pedro Ernesto). Foi indica<strong>do</strong> por Virgílio <strong>de</strong> Mello Franco, membro<br />
<strong>de</strong> família <strong>de</strong> políticos influentes, com a qual Nava sempre manteve laços <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>, feitos no<br />
Anglo-Mineiro e fortaleci<strong>do</strong>s no Colégio D. Pedro II. Nava não participou da vida pública como<br />
político, contu<strong>do</strong>, ocupou “cargos <strong>de</strong> confiança” por indicações políticas.<br />
Em Beira-mar: memórias 4, Nava escreveu textos <strong>do</strong>cumentais sobre o ensino médico <strong>do</strong><br />
perío<strong>do</strong>, vida social e preocupações intelectuais <strong>de</strong> sua geração. Matéria escolar por matéria<br />
escolar, reflexões sobre os conteú<strong>do</strong>s e comentários sobre os professores caracterizam esse<br />
volume, que é também fonte <strong>do</strong>cumental sobre o Mo<strong>de</strong>rnismo em sua vertente mineira. Temos<br />
procura<strong>do</strong> nos textos <strong>de</strong> Nava, como aluno e professor, elementos que formaram seu pensamento<br />
e posturas enquanto médico. Percebemos, nas observações que Nava faz sobre seus professores,<br />
diversida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> posturas e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são a propostas nas questões médicas.<br />
Em páginas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> admiração pelo professor Henrique Marques Lisboa (1876-1967),<br />
Nava fala sobre a formação <strong>de</strong>sse profissional (1897-1903):<br />
132<br />
(...) A turma <strong>de</strong> Marques Lisboa presenciou um profun<strong>do</strong> movimento <strong>de</strong><br />
renovação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias no nosso ensino médico e na nossa Medicina. Assistiu ao<br />
<strong>de</strong>svanecer <strong>de</strong> seu aspecto puramente acadêmico e oratório e ao configurar <strong>de</strong><br />
sua fisionomia científica e experimental. Recebeu a influência internística <strong>de</strong><br />
Azeve<strong>do</strong> Sodré, Benício <strong>de</strong> Abreu, Nuno <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e <strong>de</strong> Francisco <strong>de</strong> Castro; a<br />
externística <strong>de</strong> Lima e Castro, Domingo <strong>de</strong> Góis e Brant Paes Leme. E,<br />
principalmente, viu a criação <strong>de</strong> nossa Cirurgia mo<strong>de</strong>rna, com a operação tática<br />
e experimentalmente planejada <strong>de</strong> um monstro teratópago-xifópago por Chapot-<br />
Prevost e, com o ensino <strong>de</strong> João Paulo <strong>de</strong> Carvalho, a consolidação da nossa<br />
fisiologia experimental, cujas bases tinham si<strong>do</strong> lançadas por Kossuth Vinelli.<br />
Coube ainda a essa turma testemunhar a inauguração, em 1901, <strong>do</strong> ensino oficial<br />
<strong>de</strong> Bacteriologia, com Ro<strong>do</strong>lfo Galvão. Toda a didática <strong>de</strong>ssa época foi<br />
influenciada pela transformação introduzida na Arte por Clau<strong>de</strong> Bernard,<br />
Pasteur, Koch, Villemin, Langhans, Panum, Roser, Metchinikoff, Buchner, von<br />
Behring, Kitasato, Bor<strong>de</strong>t, Wassermann, Finlay, Patrik Mason, Carter Kilbone,<br />
Laveran – os fisologistas, os bacteriologistas, os veterinários, os médicos<br />
militares, os tropicalistas, que com a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> bactérias e protozoários<br />
patogênicos, <strong>do</strong>s fenômenos imunitários e alérgicos, <strong>do</strong>s soros, das vacinas, <strong>do</strong>s<br />
vetores – apontavam, então, à mocida<strong>de</strong> interessada no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> homem,<br />
perspectivas tão vertiginosas como as abertas à investigação atual pela<br />
<strong>de</strong>sintegração atômica e pelos aparelhos interplanetários. É esse ambiente que<br />
explica a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s experimenta<strong>do</strong>res da turma <strong>de</strong> 1902: Marques Lisboa,<br />
Ezequiel Dias, Carlos Chagas, Car<strong>do</strong>so Fontes, Artur Neiva 228 .<br />
228 NAVA, Pedro. Chão <strong>de</strong> ferro: memórias 3. 2. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Olympio, 1976. p. 325-326.