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RISCO E FUTURO DA

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Risco e futuro da democracia brasileira<br />

Direito e Política no Brasil contemporâneo<br />

214<br />

Essa matéria foi trazida ao plenário da Casa não só pelo Colégio de Líderes e<br />

pelo presidente, mas principalmente pelo clamor da sociedade brasileira, que<br />

não aguenta mais ver os filhos serem assassinados, estuprados, vítimas de latrocínio,<br />

sem que o jovem, o adulto, o homem responda por esses crimes. […]<br />

Já ouvi muito as pessoas dizerem que quem defende a redução da maioridade<br />

penal quer encarcerar o jovem brasileiro, o jovem pobre e o jovem negro, o que<br />

é absolutamente inverdade. Ninguém quer encarcerar o jovem. Aos 16 anos e<br />

aos 18 anos sabe-se muito bem o que é certo e o que é errado. Não é porque<br />

se é pobre ou se é negro que se entra na criminalidade. […] O bom jovem<br />

brasileiro, aquele que estuda, que trabalha, que não delinque, esse não corre o<br />

menor risco de encarceramento. Aquele que comete um pequeno furto ou um<br />

delito de menor potencial ofensivo continua regido pelo Estatuto da Criança e<br />

do Adolescente. Nós estamos tratando aqui, nesta noite, do jovem que comete<br />

crime hediondo, crime bárbaro, perigoso, aquele que oferece efetivamente perigo<br />

à sociedade e que não tem, no Estatuto da Criança e do Adolescente, um<br />

instrumento capaz de dar segurança à sociedade. Esse responderá, sim, perante<br />

a lei, como adulto. 36<br />

Outros argumentos conservadores podem ser destacados pelos pronunciamentos<br />

em plenário. A defesa de leis mais duras como forma de reduzir a<br />

violência marca o discurso de deputados associados à Frente Parlamentar de<br />

Segurança Pública, como o deputado Moroni Torgan (DEM-CE), que expressamente<br />

afirmou, em meio às discussões sobre a PEC 171, que “onde a lei<br />

é mais dura, a criminalidade é menor” 37 . O líder da referida Frente Parlamentar,<br />

deputado Alberto Fraga (DEM-DF), manifestou-se no mesmo dia favoravelmente<br />

à PEC sob os argumentos de que atendia aos anseios da sociedade<br />

brasileira e que ela acabaria com a impunidade 38 .<br />

Ao final da votação em segundo turno, ocorrida dia 19/08/2015, a Câmara<br />

aprovou, com 320 votos favoráveis, 152 contrários e uma abstenção, a<br />

PEC 171, numa clara demonstração de que o posicionamento conservador da<br />

manutenção da ordem, que seria facilitado pela redução da maioridade penal,<br />

36. Disponível em: . Acesso em: 7 set. 2015.<br />

37. Disponível em: . Acesso em: 7 set. 2015.<br />

38. Disponível em: . Acesso em: 7 set. 2015.

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