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RISCO E FUTURO DA

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Risco e futuro da democracia brasileira<br />

Direito e Política no Brasil contemporâneo<br />

344<br />

Os tempos atuais vêm demonstrando que não existe neutralidade no<br />

Judiciário.<br />

Obviamente, a legislação é falha (“seriam necessários os deuses para<br />

dar as leis aos homens”, já dizia Rousseau), o orçamento é insuficiente e, por<br />

consequência, as políticas públicas não são plenamente eficazes. Muito menos<br />

são hábeis a realizar e concretizar os direitos fundamentais no ritmo urgente<br />

das necessidades da dignidade da pessoa humana. Isso, contudo, não significa<br />

que, sob o fundamento de imprimir uma marcha mais forte nessa busca,<br />

qualquer dos poderes constituídos, especialmente o não representativo, possa<br />

abalar a obra constituinte quanto o agenciamento dos poderes e as regras de<br />

distribuição de competências.<br />

A lição “maquiavélica” e de parte considerável da teoria política mais<br />

recente ensina que a aparente neutralidade e o tecnicismo do Poder Judiciário,<br />

ou de qualquer outro poder, não é mais salutar do que o pluralismo e a representatividade<br />

do parlamento ou da legitimidade majoritária do Executivo<br />

(Machiavelli, 1996). Não se pode olvidar, contudo, que, como toda instituição<br />

política, o Legislativo e o Executivo são falhos e imperfeitos. Apenas<br />

algo parece certo: é que alguns dos obstáculos à eficácia da sua atuação não<br />

podem ser superados com a expansão do controle judicial (Maus, 2009; Nunes,<br />

2011; Perez Royo, 1988; Tushnet, 1999).<br />

Demonstrada a fragilização do arranjo democrático e republicano com<br />

o ativismo crescente do Poder Judiciário, outra não pode ser a conclusão, relativamente<br />

ao Projeto de Lei n.º 1.41172015, do Deputado Federal Rogério<br />

Marinho, do que a sua rejeição. Pavimentar o caminho para que os tribunais<br />

decidam agora também sobre o conteúdo do ensino, isto é, aquilo que pode<br />

ser ou não “doutrinação”, é algo hostil à democracia, eis que fragiliza os seus<br />

mais importantes braços da construção coletiva da cidadania brasileira: as escolas<br />

e as universidades.<br />

Referências<br />

Badin, Arthur Sanchez. Controle judicial das políticas públicas. Contribuição ao<br />

estudo do tema da judicialização da política pela abordagem da análise institucional<br />

comparada de Neil K. Komesar. São Paulo: Malheiros, 2013.

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