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RISCO E FUTURO DA

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Risco e futuro da democracia brasileira<br />

Direito e Política no Brasil contemporâneo<br />

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de vazamentos para a imprensa que se torna o local fundamental de formação<br />

da opinião sobre a culpabilidade do réu. Ao fazê-lo, ele sustenta a sua decisão<br />

nas Cortes superiores ou sustentava até a decisão sobre o fatiamento da Lava<br />

Jato pelo STF no dia 22 de setembro de 2015.<br />

O caso de José Dirceu foi aquele em que Moro foi mais longe, preocupado<br />

talvez com a sustentabilidade do julgamento dos políticos envolvidos<br />

na Lava Jato. Novamente, existem não apenas fortes dúvidas jurídicas sobre a<br />

legalidade da prisão do ex-ministro 2 e principalmente sobre o deslocamento<br />

dele para Curitiba. Mais uma vez, os motivos da prisão e do deslocamento são<br />

claros: no que diz respeito à prisão, se justifica pela necessidade de elaborar<br />

uma narrativa da culpa. Assim, foi possível ler nos relatos vazados à imprensa,<br />

nos dias seguintes, a tese da continuidade entre o “mensalão” e o “petrolão”.<br />

Nesse caso, poderia se argumentar sobre chefia ainda que com as fortes inconsistências<br />

do argumento, entre elas o fato de José Dirceu ter permanecido<br />

preso por uma boa parte do período, o que suporia provar no mínimo que ele<br />

se comunicou com os parceiros durante sua detenção. Há também o fato de<br />

Paulo Roberto Costa ter auferido ganhos muito superiores aos do ex-ministro,<br />

que aparenta ser alguém completamente marginal no escândalo do “petrolão”,<br />

ainda que existam provas de que ele usufruiu do esquema. A segunda justificativa<br />

no caso de José Dirceu é tentar forçar uma delação que atingisse os altos<br />

escalões do PT, leia-se, Dilma e Lula. Esse foi o motivo da prisão do irmão e<br />

do vazamento pela força tarefa da Lava Jato: testar se não havia uma vulnerabilidade<br />

pelo lado familiar que poderia ser explorada.<br />

Alguns elementos evidentes de pretorianismo jurídico/policial e de des-<br />

-institucionalização podem ser vistos na entrevista coletiva de agentes da Polícia<br />

Federal e do Ministério Público, que se seguiu à prisão. Vale a pena dizer<br />

que a Polícia Federal tem uma estratégia midiática bastante clara para as suas<br />

operações. Elas começam com um comunicado bastante genérico à imprensa<br />

durante a madrugada, continuam com uma especificação da identidade dos<br />

presos durante a manhã e a força tarefa dá uma entrevista coletiva à tarde. Foi<br />

2. Diversos juristas se pronunciaram pela ilegalidade da transferência de Dirceu para Curitiba já que este estava<br />

preso em um processo ligado a instância máxima da justiça brasileira o STF. Foi pedida a autorização do juiz<br />

responsável pelo caso para que a transferência fosse realizada, mas não é claro se cabia a ele ou a juiz encarregado<br />

da execução penal.

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