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CADERNO DE RESUMOS do II SIICS

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<strong>II</strong> Simpósio Internacional Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (<strong>II</strong> S<strong>II</strong>CS) <strong>do</strong> PGCult - UFMA<br />

ANTÔNIO VIEIRA E O ETHOS HUMANISTA NO MARANHÃO<br />

Cristiano Capovilla<br />

RESUMO<br />

A singularidade que se destaca na análise da obra <strong>do</strong> jesuíta é a constatação de que,<br />

enquanto na Europa <strong>do</strong> século XV<strong>II</strong> os studia humanitatis renascentistas perdiam espaço<br />

para o avanço <strong>do</strong> racionalismo e <strong>do</strong> empirismo - mais tarde integra<strong>do</strong>s sob o rótulo<br />

triunfalista <strong>do</strong> iluminismo -, nas colônias latinas, notadamente no Brasil, esse saber<br />

proliferava e produzia frutos universais como Antônio Vieira. O aristotelismo renascentista<br />

foi revigora<strong>do</strong> pela redescoberta phronesis como uma parte essencial da práxis, isto é, como<br />

elemento central das virtudes ética e política e contrastava com o “velho Aristóteles”<br />

escolástico basea<strong>do</strong> fundamentalmente na lógica e no conhecimento metafísico. No perío<strong>do</strong><br />

maranhense de Vieira, onde povos de culturas distintas passam a conviver em um mesmo<br />

território organiza<strong>do</strong> para integrar um nascente merca<strong>do</strong> mundial, havia sempre a imposição<br />

de uma finalidade política e religiosa incontornável, onde as contingências empíricas, as<br />

faculdades subjetivas e fórmulas universais não ofereciam uma base segura para o<br />

entendimento e costumavam sempre falhar. Para construção de um sensus communis, de um<br />

equilíbrio comum na edificação da sociedade linguística, era necessário encontrar no<br />

particular o elo universal, o coletivo inscrito na própria compreensão linguística <strong>do</strong>s<br />

nativos, sen<strong>do</strong> posteriormente aferi<strong>do</strong>s pela prática das ações: “A fé sem obras é morta”.<br />

Trata-se, pois, não de um saber teorético, genérico e universalista, mas prático, um<br />

direcionamento da vontade, como “virtude espiritual”, uma determinação <strong>do</strong> ser ético. É<br />

nesse contexto latino, de origem renascentista e contrarreformista que a retórica passa a<br />

fazer total senti<strong>do</strong>, ainda mais na conformação da sociedade maranhense. Ora, cabe ao<br />

ora<strong>do</strong>r (o político) desenvolver a fineza da percepção <strong>do</strong> momento e das circunstâncias <strong>do</strong>s<br />

ouvintes (os cidadãos), seus sentimentos, valores, inclinações, contextos, para em cada<br />

momento encontrar o elo universal (a finalidade) necessário (a) à construção coletiva. O<br />

objetivo político deve ser encontra<strong>do</strong> dentro <strong>do</strong>s meios particulares, pois só assim terá força<br />

e realidade para mover a comunidade. A retórica, como parte da phronesis, coaduna o<br />

elemento interno das paixões com o externo das finalidades coletivas e históricas. É a<br />

combinação da ética com a política no território da práxis. Nessa arte retórica e dialética,<br />

Vieira foi mestre reconheci<strong>do</strong> em vida e mesmo depois de morto. O fato de termos entre<br />

nós, ainda na origem da nossa formação social, uma figura universal como Antônio Vieira é<br />

algo especial e de grande impacto na conformação <strong>do</strong> nosso ethos humanístico.<br />

Palavras-chave: Humanismo. Studia humanitatis, prhonesis. Retórica<br />

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