CADERNO DE RESUMOS do II SIICS

II Simpósio Internacional Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (II SIICS) do PGCult - UFMA
MÉTODOS CARTOGRÁFICOS PARA IMAGENS EM REDES DIGITAIS:
FORMA ATLAS E FORMA ATOR-REDE
Jane Maciel
RESUMO
Pesquisar imagens em redes digitais de comunicação demanda do pesquisador uma
vivência ativa nesses territórios virtuais, permeados de ações que incidem diretamente
na constituição de subjetividades e coletividades. A separação rígida entre online e
offline já se mostra inadequada, de maneira que a permeabilidade dessas fronteiras
torna-se perceptível a cada vez que uma imagem circulada pelas rotas fluidas da internet
movimenta a experiência cultural e social. As manifestações políticas atuais, em
particular aquelas acontecidas no Brasil a partir das jornadas de junho de 2013, são
acontecimentos onde estas oscilações tornaram-se não apenas notórias, como também
uma incitação de uma postura reflexiva que ultrapasse a interpretação rumo a uma
experiência com as imagens e as formas de existência que elas transportam e
transformam. O mundo das imagens exige portanto a elaboração de instrumentos de
orientação, escrita e leitura, considerando os sentidos e os afetos que tecem a construção
do conhecimento visual. Neste sentido, propomos abordar duas formas de pensamento e
de expressão como condutoras de possíveis incursões no imago mundi contemporâneo:
a Forma Atlas, norteada pela obra de Aby Warburg, especialmente em seu Atlas
Mnemosyne, e a Forma Cartográfica Ator-Rede, com inspirações advindas da Teoria
Ator-Rede na perspectiva de Bruno Latour. Apresentaremos o processo de
experimentação dessas duas vertentes cartográficas, que culmina na criação de pranchas
de imagens políticas (especialmente fotografias) e de relatos correspondentes às
trajetórias percorridas entre-imagens, que tem como intuito tornar visíveis suas
diferentes agências que participam da produção do comum. Pelo prisma da forma atlas,
a imagem é um campo de forças expressas em atos que se inscrevem na cultura e
persistem na memória. A planaridade que Warburg propõe é fundada nas relações entre
formas/fórmulas sobreviventes como fios condutores das montagens de pranchas que
extrapolam a representação objetiva do mundo ao problematizar as energias
mobilizadoras de sentimentos e ações. Pela forma ator-rede, os rastros sociotécnicos
remetem a agências que são atravessamentos de modos de existências na superfície de
cada imagem, que neste caso são perceptíveis pelo encadeamento de seus aparecimentos
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