17.10.2017 Views

CADERNO DE RESUMOS do II SIICS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>II</strong> Simpósio Internacional Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (<strong>II</strong> S<strong>II</strong>CS) <strong>do</strong> PGCult - UFMA<br />

ESTÉTICA DO HORROR: A COBERTURA DA MORTE NO JORNAL ITAQUI<br />

BACANGA<br />

RESUMO<br />

Edmo Aguiar Ramalho Leite<br />

Poliana Sales Alves<br />

Neste estu<strong>do</strong> investigamos a cobertura da morte no jornal impresso Itaqui-Bacanga, e a<br />

ampla propagação de fotografias de corpos em situações inumanas, remeten<strong>do</strong> ao<br />

grotesco. Em comparação a imagens semelhantes veiculadas pela imprensa no final <strong>do</strong><br />

século XIX, propomos questionamentos acerca da contemporaneidade dessa<br />

modalidade midiática com viés sensacionalista, e buscamos compreender a dimensão<br />

sensível presente nessa linguagem e seus efeitos. Partimos da premissa de que o jornal<br />

Itaqui-Bacanga explora regimes estéticos específicos que visam criar certo “horror” para<br />

“chocar” seus leitores. Também consideramos que, entre outros encadeamentos, a<br />

exploração das fotografias de morte violenta pode estimular comportamentos e criar<br />

determina<strong>do</strong>s padrões de experiência nos sujeitos. Toman<strong>do</strong> por auxílio teórico as<br />

proposições de Singer (2004), Sodré & Paiva (2002), Silva (2010) e Alves (2014), e<br />

ten<strong>do</strong> como referencial empírico 5 edições <strong>do</strong> jornal, identificamos que os efeitos de<br />

natureza estética suscita<strong>do</strong>s nos leitores <strong>do</strong> jornal Itaqui-Bacanga causam terror, o que<br />

favorece a compreensão pragmático-performativa de que os criminosos são criaturas <strong>do</strong><br />

mal, prontas para cometer qualquer atrocidade, e quan<strong>do</strong> os próprios criminosos são as<br />

vítimas, o entendimento é que eles são merece<strong>do</strong>res de tal “justiçamento”. Concluímos<br />

que a ampla circulação dessas fotografias pode reconfigurar, assim, a própria<br />

experiência social com a violência, enquadrada no âmbito da criminalidade. Isto porque<br />

os jornais com apelos sensacionalistas vislumbram reações nos leitores, que ao serem<br />

impacta<strong>do</strong>s, apreendem senti<strong>do</strong>s sobre o que lhe está sen<strong>do</strong> mostra<strong>do</strong>, e a imprensa é<br />

ainda a principal produtora de senti<strong>do</strong>s sobre a violência seguida de morte, fenômeno<br />

entrelaça<strong>do</strong> ao cotidiano das cidades.<br />

Palavras-chave: Estética. Grotesco. Morte. Imprensa.<br />

309

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!