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CADERNO DE RESUMOS do II SIICS

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<strong>II</strong> Simpósio Internacional Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (<strong>II</strong> S<strong>II</strong>CS) <strong>do</strong> PGCult - UFMA<br />

UMA VIDA AO PÉ-DA-LETRA: A LITERALIDA<strong>DE</strong> NA CLÍNICA <strong>DE</strong><br />

<strong>DE</strong>LEUZE E GUATTARI<br />

Marcio José de Araujo Costa<br />

RESUMO<br />

Deleuze e Guattari afirmam constantemente que seus conceitos não são metáforas, são<br />

literais. Todavia, o próprio conceito de literalidade não foi suficientemente discuti<strong>do</strong> em<br />

sua obra. Nosso trabalho visa explicitar esse conceito a partir <strong>do</strong> paradigma éticoestético<br />

na clínica, onde não se toma as narrativas e palavras <strong>do</strong>s pacientes como<br />

metáforas, como significan<strong>do</strong> outra coisa, mas sim as toman<strong>do</strong> literalmente como uma<br />

maneira de construir a realidade, ou, como dizem Deleuze e Guattari, de delirar a<br />

realidade, reinventá-la. OBJETIVOS: Para compreender a literalidade deleuzeguattariana,<br />

e, principalmente, uma linguagem literal na clinica psicológica, tomaremos<br />

o conceito de expressão, que remete à problemática <strong>do</strong> estoicismo: a linguagem não<br />

opera com formas fixas, tais como substantivos ou adjetivos, mas sim com verbos no<br />

infinitivo, que se declinam a partir das paixões e ações <strong>do</strong>s corpos. A linguagem agencia<br />

incorporais, isto é, acontecimentos ou desenhos abstratos que se dão na superfície <strong>do</strong>s<br />

corpos, de suas misturas, tornan<strong>do</strong> a linguagem a expressão de movimentos. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, a vida é um acontecimento expressivo, pois devém permanentemente. As<br />

palavras recolhem essas transformações incorpóreas na superfície <strong>do</strong>s corpos e os<br />

atualizam, os encarnam, como palavras de ordem, que dão contornos aos corpos<br />

(atualização). A unidade básica da linguagem segun<strong>do</strong> Deleuze e Guattari seria a<br />

palavra de ordem. Todavia, toda linguagem, que remete a agenciamentos coletivos de<br />

enunciação, possui o seu limite imanente, justamente o aspecto expressivo da<br />

linguagem, que a remete a uma fuga permanente das formas (virtualização). O devir<br />

menor da linguagem seria justamente o vir-a-ser permanente <strong>do</strong>s acontecimentos, que é<br />

a condição de possibilidade da linguagem e de sua recriação perpétua. Esta linguagem<br />

intensiva opera em um regime não metafórico, onde não se toma as significações<br />

<strong>do</strong>minantes e suas palavras de ordem para mapear os processos <strong>do</strong>s corpos, mas<br />

acompanha os processos para daí cartografar as paixões e ações (afetos) <strong>do</strong>s corpos, os<br />

dramas de seus aumentos e diminuições de potência , sempre a partir <strong>do</strong> ponto de vista<br />

<strong>do</strong>s próprios acontecimentos que comparecem nos corpos que expressam seus dramas,<br />

verbalizan<strong>do</strong>-os. Este méto<strong>do</strong> nos faz conceber a clínica como cartografia, onde a<br />

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