00009 - Economia e Utilidades Domésticas.pdf
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mais de uma ocasião chegaram ao licor – e passaram batidos, sem perceber a<br />
importância de suas descobertas. O Tratactus de vino, do catalão Arnoldo de<br />
Vilanova, classifica a aguardente de vinho como “essência maravilhosa,<br />
verdadeira água da imortalidade”. O nome já era esse, aquardens, resultante de<br />
até sete destilações consecutivas do vinho. Quando outro catalão, Raimondo<br />
Lullo, conseguiu idêntico resultado com apenas cinco destilações, deu ao seu<br />
achado o nome de quintessenza – a mesma quintessência que nossos dicionários<br />
registram como qualidade superlativa. Mais perto dos nossos dias, houve a<br />
decisiva intercessão de uma mulher de Florença. No século XVI, ao casar com<br />
Henrique II, da França, e se transferir para aquele país, ela levou o hábito do licor<br />
para o povo europeu, que melhor saberia cultuar essa bebida.<br />
Os licores conservam ainda hoje a característica de quintessência, pela<br />
qualidade inigualável, embora tenham perdido aquela aura de mistério alquimista<br />
desde um pouco depois do Renascimento. Em torno de 1150 preparava-se em<br />
alguns conventos a célebre Acqua rosácea, já com a base da fórmula que tanto<br />
prestígio deu aos abades: pouco álcool muito mel e essência de rosas – nada<br />
menos que o rosólio, de vastíssima difusão nos séculos seguintes, servido nas<br />
residências dos poderosos banqueiros e hábeis comerciantes renascentistas. Daí<br />
para frente, foi à consagração definitiva. Ao tempo da Revolução Francesa<br />
conheciam-se 33 tipos de rosólios, com nomes que ainda hoje aparecem nas<br />
licoreiras: Amor Perfeito, Óleo de Vênus, Água de Ouro. Hoje, segundo uma<br />
convenção internacional aprovada em 1908, na cidade de Genebra, licores são<br />
aguardentes aromatizadas, obtidas pelos seguintes processos: maceração de<br />
substâncias vegetais, destilação dessas mesmas substâncias, adição de álcool ao<br />
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