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LEITURA DO MUNDO - Instituto Paulo Freire

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autonomia (1997) pode ser considerada como uma resposta ao projeto político-<br />

pedagógico neoliberal da globalização capitalista:<br />

Há um sinal dos tempos, entre outros, que me assusta: a insistência com<br />

que, em nome da democracia, da liberdade e da eficácia, se vem asfixiando a<br />

própria liberdade e, por extensão, a criatividade e o gosto da aventura do<br />

espírito. (...) Um estado refinado de estranheza, de ‘autodemissão’ da mente, do<br />

corpo consciente, de conformismo do indivíduo, da acomodação diante das<br />

situações consideradas fatalisticamente como imutáveis. (...) não há lugar para a<br />

escolha, mas para a acomodação bem comportada ao que está aí ou ao que virá.<br />

Nada é possível de ser feito contra a globalização que, realizada porque tinha de<br />

ser realizada, tem de continuar seu destino, porque assim está misteriosamente<br />

escrito que deve ser. A globalização que reforça o mando das minorias<br />

poderosas e esmigalha e pulveriza a presença impotente dos dependentes,<br />

fazendo-os ainda mais impotentes, é destino dado. (FREIRE, 1997:129). Daí a<br />

crítica permanentemente presente em mim à malvadez neoliberal, ao cinismo de<br />

sua ideologia fatalista e a sua recusa inflexível ao sonho e à utopia (FREIRE,<br />

1997:15).<br />

A “recusa inflexível ao sonho e à utopia”, embora fundamental, é apenas<br />

uma dimensão da globalização capitalista. Para Boaventura de Souza Santos<br />

(2002), aquilo que habitualmente designamos por globalização são, na verdade,<br />

conjuntos diferenciados de relações sociais, que dão origem a diferentes<br />

fenômenos de globalização 7 . Dessa forma, para o autor, não existe estritamente<br />

uma entidade única chamada globalização; há, de fato, globalizações, por isso<br />

este termo só deveria ser usado no plural. O autor apresenta quatro formas de<br />

7 Segundo Roberto P. Guimarães (in DINIZ, SILVA e VIANA, 2001:44 e 45), o processo de globalização<br />

é definido de diferentes formas: em termos exclusivamente econômicos (crescente homogeneização e<br />

internacionalização dos padrões de consumo e de produção), financeiros (a magnitude e a<br />

interdependência crescentes dos movimentos de capital) e comerciais (crescente exposição externa ou<br />

abertura das economias nacionais). Outros acentuam o caráter da globalização em suas dimensões<br />

políticas (propagação da democracia liberal, ampliação dos âmbitos da liberdade individual, novas formas<br />

de participação cidadã) e institucionais (predomínio das forças do mercado, crescente convergência dos<br />

mecanismo e instrumentos de regulamentação, maior flexibilidade do mercado laboral). Há também os<br />

que preferem destacar a velocidade das mudanças tecnológicas (seus impactos sobre a base produtiva, o<br />

mercado de trabalho e as relações e estruturas e estruturas de poder) e a revolução dos meios de<br />

comunicação (massificação no acesso e na circulação de informações, perspectivas mais amplas para a<br />

descentralização de decisões, possível erosão de identidades culturais nacionais) (grifos no texto original).<br />

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