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LEITURA DO MUNDO - Instituto Paulo Freire

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Estado, mercado e comunidade. O mercado e a comunidade constituem a esfera<br />

autônoma da atuação dos cidadãos, o que veio a designar-se por sociedade civil.<br />

A relação entre os três pilares e importância que cada um tem assumindo na<br />

regulação das sociedades variou ao longo da história. No mercado, a autonomia<br />

tem sido recurso para fazer valer interesses particulares segundo a lógica da<br />

concorrência. Na comunidade, ela é compreendida como expressão da obrigação<br />

política horizontal, entre cidadãos, na promoção de interesses comuns segundo a<br />

lógica da solidariedade. Desde o início, a comunidade revelou-se o pilar mais<br />

frágil deste modelo de regulação, e a verdadeira articulação deu-se entre o Estado<br />

e o mercado, com períodos em que o Estado dominou o mercado (o capitalismo<br />

social-democrático) e períodos em que o mercado dominou o Estado (o atual<br />

capitalismo neoliberal). Este modelo está hoje em crise porque desapareceu a<br />

simetria entre o Estado, que se manteve nacional, e o mercado que, entretanto, se<br />

globalizou.<br />

Ao dominar a esfera da autonomia dos cidadãos, o mercado passou a estar<br />

na base da concepção dominante da sociedade civil. Ao lado desta, sobreviveu<br />

uma concepção subalterna de sociedade civil sustentada na comunidade e na<br />

solidariedade. Esta dualidade está hoje emergindo em nível transnacional ou<br />

global. Em Davos, esteve reunida a sociedade civil global baseada no mercado;<br />

enquanto que, em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial, esteve reunida a<br />

sociedade civil global fundamentada na comunidade. A força revelada por ambas<br />

revela a existência de duas sociedades civis globais e que a confrontação e o<br />

diálogo entre elas vai dominar a política internacional nos próximos anos. De<br />

acordo como o autor, apesar de a sociedade civil global, na perspectiva da<br />

comunidade, manter uma relação de subalternidade em relação à fundamentada<br />

no mercado, tem sido uma força social em ascensão.<br />

A tarefa da sociedade civil global, segundo Boaventura de Sousa Santos, é<br />

conferir credibilidade e força social e política às muitas propostas já enunciadas<br />

ou em elaboração que, em conjunto, constituem uma globalização alternativa, a<br />

globalização da solidariedade e da reciprocidade, da cidadania pós-nacional, do<br />

desenvolvimento econômico sustentável e democrático, do comércio justo como<br />

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