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LEITURA DO MUNDO - Instituto Paulo Freire

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globalização. Duas delas – localismo globalizado e globalismo localizado –<br />

hegemônicas (globalizações de-cima-para-baixo) e outras duas – cosmopolitismo<br />

e patrimônio comum da humanidade – contra-hegemônicas (globalizações de-<br />

baixo-para-cima).<br />

Abordaremos, a seguir, a globalização na perspectiva hegemônica, “de-<br />

cima-para-baixo”, ou, como afirma Milton Santos, a globalização como<br />

“perversidade”. Em seguida, trataremos da “outra globalização”, da globalização<br />

contra-hegemônica, como cosmopolitismo e patrimônio comum da humanidade,<br />

ou seja, da planetarização como “inédito viável”.<br />

Em A globalização e as Ciências Sociais (SANTOS, 2002), Boaventura<br />

de Souza Santos afirma que a divisão internacional da produção da globalização<br />

assume o seguinte padrão: os países centrais especializam-se em localismos<br />

globalizados, enquanto aos países periféricos cabe tão-só a escolha de<br />

globalismos localizados. O sistema-mundo é uma trama de globalismos<br />

localizados e localismos globalizados 8 .<br />

O localismo globalizado é uma forma de globalização hegemônica, de-<br />

cima-para-baixo, que consiste no processo pelo qual determinado fenômeno local<br />

é globalizado com sucesso. São exemplos desse fenômeno a atividade mundial<br />

das multinacionais, o predomínio da língua inglesa na comunicação através das<br />

novas tecnologias da informação (televisão, Internet), a música americana e a<br />

comida rápida (como os lanches do McDonald´s) consumidas em diversas partes<br />

do planeta, “a adoção mundial das mesmas leis de propriedade intelectual, de<br />

patentes ou de telecomunicações promovidas agressivamente pelos EUA”<br />

(SANTOS, 2002:65).<br />

O globalismo localizado acontece quando práticas e determinações<br />

transnacionais afetam diretamente as condições de um determinado local. Essas<br />

condições são, dessa forma, desestruturadas e reestruturadas a fim de responder<br />

aos imperativos transnacionais. O globalismo localizado se traduz, por exemplo,<br />

em facilidades fiscais, em leis generosas e diminuição de impostos dos governos<br />

8 A divisão internacional da produção de globalização articula-se com uma divisão nacional do mesmo<br />

tipo: as regiões centrais ou os grupos dominantes de cada país participam na produção e reprodução de<br />

localismos globalizados, enquanto às regiões periféricas ou aos grupos dominados cabe produzir e<br />

reproduzir os globalismos localizados.<br />

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