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LEITURA DO MUNDO - Instituto Paulo Freire

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Para <strong>Freire</strong>, a educação é um ato político. Ela, por conter uma<br />

intencionalidade sempre, jamais será neutra. Estará contribuindo para reforçar<br />

um projeto de sociedade já existente ou para construir um novo projeto.<br />

Como experiência especificamente humana, a educação é uma forma de<br />

intervenção no mundo (...). Não posso ser professor se não percebo cada vez<br />

melhor que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma<br />

tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto ou<br />

aquilo. Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não<br />

importa o quê (...). Quando falo em educação como intervenção me refiro tanto à<br />

que aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo da economia, das<br />

relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, a terra, à educação, à<br />

saúde, quanto à que, pelo contrário, reacionariamente pretende imobilizar a<br />

História a manter a ordem injusta (FREIRE, 1997:110-115 e 123).<br />

Como afirma Torres, ao discutir a natureza política e ideológica em <strong>Freire</strong>,<br />

a educação não forma sujeitos em geral, forma sujeitos para uma<br />

determinada sociedade, para um determinado sistema social, para a incorporação<br />

de determinados valores. A educação não seria para <strong>Freire</strong> um processo de<br />

manipulação, mas ela tampouco tem a aspiração ingênua de desenvolver um ato<br />

educativo objetivo, técnico e a-político (TORRES, 1997:188).<br />

Para <strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong> a Leitura do Mundo conduz à criticidade entendida<br />

como a apropriação crescente pelo ser humano de sua posição no contexto em<br />

que vive. Para ele, ao contrário da consciência crítica, a consciência ingênua é a<br />

consciência humana no grau mais elementar de seu desenvolvimento quando está<br />

ainda "imersa na natureza" e percebe os fenômenos, mas não sabe colocar-se a<br />

distância para julgá-los. É a consciência no estado natural. É uma "consciência<br />

natural" na medida em que a passagem da consciência ingênua para a consciência<br />

crítica se dá por um processo de "humanização".<br />

<strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong> trabalhou muito com esse tema utilizando, muitas vezes, a<br />

expressão “consciência possível”, emprestada de Lucien Goldmann, como a<br />

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