LEITURA DO MUNDO - Instituto Paulo Freire
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feito’. A própria tarefa de desvelar a prática, de examinar a rigorosidade ou não<br />
com que atuamos, de avaliar a exatidão de nossos achados, é uma tarefa teórica<br />
ou de prática teórica (...). Quanto mais penso criticamente, rigorosamente, a<br />
prática de outros, tanto mais tenho a possibilidade, primeiro, de compreender a<br />
razão de ser da própria prática, segundo, por isso mesmo, me vou tornando capaz<br />
de ter prática melhor (...). Nunca pude entender a leitura e a escrita da palavra<br />
sem a ‘leitura’ do mundo que me empurrasse à ‘reescrita’ do mundo, quer dizer,<br />
à sua transformação (...). É importante que eu tenha esta compreensão mas é<br />
fundamental, indispensável, que me forme cientificamente para vivê-la ou para<br />
praticá-la. No fundo, é a mesma exigência que se faz à prática de pensar a<br />
prática. A prática de pensar a prática desprovida de sério e bem-fundado<br />
instrumental teórico se converteria num jogo estéril e enfadonho (FREIRE,<br />
1991:106-108).<br />
Diante da trajetória de <strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong>, para o professor Celso Beisiegel,<br />
caberia a pergunta:<br />
Por que não reconhecer que <strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong>, em sua própria história, talvez<br />
tenha sido o melhor testemunho da validade de suas idéias a propósito das<br />
relações entre o educador e o educando, no processo de mútua explicitação dos<br />
fundamentos da realidade social? (BEISIEGEL, 1982:286).<br />
Em sua teoria do conhecimento, em seu método de alfabetização e em sua<br />
práxis, a Leitura do Mundo consistiu em caminho para a humanização, para a<br />
vocação do ser humano em “ser mais”, contribuindo para desvelar a realidade<br />
opressora e estabelecer o compromisso com uma educação transformadora.<br />
A educação, por si mesma, não transforma o mundo, mas, se ela “não é a<br />
alavanca da transformação social”, como sustenta <strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong>, ela pode se<br />
constituir em fator importante desta transformação, pois ela educa aqueles e<br />
aquelas que promoverão a transformação. Por isso, <strong>Paulo</strong> <strong>Freire</strong> consagrou toda<br />
sua vida a ela. Na verdade, tudo o que ele escreveu faz parte de um projeto de<br />
vida, dedicada a mostrar como a educação pode ser libertadora, como se pode<br />
fazer “educação como prática da liberdade”. Seus livros Pedagogia do oprimido,<br />
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