Capa e sumrio ROSA DE SALVIA - Universidade Católica de ...

Frente à riqueza do material analisado, documentos originais, fontes impressas e orais,
o presente estudo representou uma primeira tentativa de diálogo entre história e memória de
uma instituição educativa que visou distinguir-se pela natureza confessional, pela busca de
excelência no ensino e na pesquisa e pelo caráter filantrópico-comunitário.
Um dos sinais dessa identidade complexa foi o senso de pertença que se gerou e pelo
qual a comunidade universitária foi sustentada nas diferentes circunstâncias. Todos os
testemunhos concordaram em destacar o clima de colaboração e de “doação”, segundo o
termo escolhido pelo professor Henrique José Rabaço, na comemoração do jubileu episcopal
de Dom Cintra, em 1973. O idealismo dos administradores, a dedicação dos professores e o
espírito de coesão e de amizade entre os funcionários contribuíram na construção da UCP não
menos do que os recursos materiais.
A Universidade, ao longo dos anos, visou desenvolver os princípios de seus
idealizadores, que quiseram fundar uma obra a serviço da comunidade, entendendo “serviço”
no sentido do conceito tomista de “bem comum”, retomado pelo papa Leão XIII, na encíclica
Rerum Novarum (1891). Nessa concepção, o termo “serviço” contém em si o princípio de
subsidiariedade. Este princípio, formulado já pelo papa Pio XI na encíclica Quadragesimo
Anno (1931) e aprofundado pelos papas João XXIII e Paulo VI, se fundamenta no fato que o
Estado não é o único ente que responde às necessidades dos indivíduos e da coletividade, mas
que existem outras agregações livres de pessoas que o Estado subsidia. Este princípio, nascido
de uma cultura cristã, expressa uma visão válida para todos, não apenas para os cristãos,
quando afirma que as instituições, assim como os governos federais, estaduais ou municipais,
não se substituem à iniciativa e à responsabilidade das pessoas e dos corpos intermediários,
mas as valorizam e as subsidiam. Nesta ótica, a “aventura” da UCP esteve ligada à
responsabilidade de seus atores, que enfrentaram as circunstâncias daquele contexto histórico
e se envolveram na realização de uma instituição educativa de ensino superior com a certeza
de estar contribuindo para um empreendimento pessoal e social. Se, por um lado, foi Dom
Cintra que tomou a iniciativa de constituir a associação civil Faculdades Católicas
Petropolitanas, para a promoção humana e social da sociedade petropolitana, sob inspiração
da fé cristã, por outro, o sucesso desse empreendimento foi devido à intensa atuação dos
católicos em Petrópolis e as suas ligações com os poderes públicos, que reconheciam na obra
educativa da Igreja um fator determinante da identidade nacional. A transformação das
Faculdades em Universidade Católica de Petrópolis e o seu desenvolvimento, no período
estudado, foram incentivados pelo favorável contexto sócio-político-económico e pela clareza