Capa e sumrio ROSA DE SALVIA - Universidade Católica de ...
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das mudanças do ambiente acadêmico, fez-se necessário o trabalho do historiador, no sentido<br />
tanto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar, salvaguardar, catalogar e tornar disponíveis as fontes, como <strong>de</strong> afrontar a<br />
tarefa <strong>de</strong> superar a simples crônica, historicizando e interpretando os acontecimentos.<br />
Segundo Marrou,<br />
o processo <strong>de</strong> elaboração da história é <strong>de</strong>flagrado não pela existência <strong>de</strong><br />
documentos, mas por uma abordagem original, a questão proposta, que se<br />
inscreve na escolha, na <strong>de</strong>limitação e na concepção do tema. Po<strong>de</strong> acontecer<br />
que uma pesquisa histórica se inicie com um achado fortuito <strong>de</strong> documentos<br />
[...], a proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tal <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> arquivos [...], mas isso em nada altera<br />
a priorida<strong>de</strong> lógica da questão que o historiador formulará a esses<br />
documentos (MARROU, 1978, p. 49-50).<br />
Sendo que a implantação da UCP verificou-se em uma época muito próxima, na<br />
análise do material pesquisado foi utilizado o conceito <strong>de</strong> história do presente, que se refere<br />
aos acontecimentos dos cinqüenta ou sessenta últimos anos. O interesse pela história recente<br />
como campo <strong>de</strong> estudos históricos surgiu após a Segunda Guerra Mundial, especialmente nos<br />
Estados Unidos, na Alemanha e na França, quando a ambigüida<strong>de</strong> do termo “história<br />
contemporânea” motivou a busca <strong>de</strong> outros termos como “instant history”, “história imediata”<br />
ou “história do presente”, cujo conceito expressa a idéia <strong>de</strong> uma história em construção.<br />
Bédarida (1996, p. 121) consi<strong>de</strong>ra constitutivo da história do tempo presente o caráter<br />
inacabado e em constante movimento. Utilizando a imagem do palimpsesto, ele afirma que “o<br />
tempo presente é reescrito in<strong>de</strong>finidamente, utilizando-se o mesmo material, mediante<br />
correções, acréscimos, revisões”, num constante processo <strong>de</strong> reescrita, que envolve a<br />
responsabilida<strong>de</strong> social do historiador, especialmente na abordagem <strong>de</strong> temas controversos,<br />
como no caso do racismo e do anti-semitismo. Segundo Chauveau,<br />
a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> história do presente passa principalmente pela referência <strong>de</strong><br />
uma nova relação entre o cientista e seu campo <strong>de</strong> investigação [...] Não se<br />
trata <strong>de</strong> discutir o valor real dos fatos na história, mas sua percepção e as<br />
condições históricas nas e pelas quais eles são percebidos (CHAUVEAU,<br />
1999, p. 31-33).<br />
Colocando a questão da relação entre o historiador, seu tema e seu tempo, Chauveau<br />
evi<strong>de</strong>ncia a função da história como “fator <strong>de</strong> compreensão do presente e vetor <strong>de</strong> opinião<br />
para o corpo social”, cujo objetivo está em “propor novos dados que aumentarão sua<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicitação e <strong>de</strong> sugestão” (CHAUVEAU, ibi<strong>de</strong>m, p. 36). Nessa perspectiva, a