Capa e sumrio ROSA DE SALVIA - Universidade Católica de ...

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Do ponto de vista do ensino, era ressaltado o fato de ser a cidade de mais baixo índice de analfabetismo no Brasil, o que se devia em grande parte à eficiência da extensa rede escolar que a servia. Culturalmente, Petrópolis continuava a tradição que tinha desde o Império. Existiam, entre outras instituições, o Museu Imperial, a Academia Petropolitana de Letras, o Instituto Histórico de Petrópolis, a Biblioteca Municipal, o Liceu de Artes e Ofícios, a Seção do Colégio Internacional de Cirurgiões, a Escola de Música Santa Cecília, o Departamento da Escola Nacional de Música, o Centro de Estudos São Norberto, o Instituto de Meninos Cantores, várias estações de rádio difusão e editoras que publicavam revistas e jornais locais. Dentre os estabelecimentos de ensino, destacavam-se, especialmente, alguns de inspiração religiosa: o Colégio São Vicente de Paulo, dos cônegos Premonstratenses; o Colégio Notre Dame de Sion; o Colégio Santa Isabel, das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paula; o Colégio de Santa Catarina, das Religiosas de Santa Catarina. Muito numeroso era assim o corpo dos alunos, cuja educação se enquadrava em princípios espirituais, mantidos por um bispado considerado um dos mais ativos do País. O relatório da inspetora Sylvia Ferreira Pinto fornece um quadro da riqueza econômica e da vivacidade cultural de Petrópolis, na década de 1950, condições que favoreceram o desenvolvimento das Faculdades Católicas Petropolitanas, não somente como Instituição de ensino, mas também como centro de atividades culturais. Uma circunstância que propiciou esse desenvolvimento foi a compra do antigo Palace Hotel, no centro da cidade, que fora sede do Hotel Orleans 29 , inaugurado em 1883, para oferecer acomodações adequadas aos dignitários da Corte nos meses de verão. A compra foi realizada com os recursos doados pelo empresário Guilherme Guinle, personalidade de 29 Uma reconstrução histórica do antigo prédio foi realizada pela bibliotecária da UCP, Maria das Neves Krüger, em 1993: “Em maio de 1891, o prédio do Hotel Orleans foi adquirido pela Companhia Grandes Hotéis, pertencentes a um empresário português, Antonio Pereira Campos, também proprietário do famoso Hotel Bragança. Foi um período de grande efervescência para a vida social da cidade. No Hotel Orleans eram realizados concertos, bailes, festas e reuniões sociais. Na praça fronteira, realizavam-se as célebres batalhas de flores, no ano de 1888, para angariar fundos para emancipação dos escravos negros de Petrópolis. Após a queda da monarquia, o Hotel Orleans caiu em declínio. Em conseqüência da Revolta da Armada em 1893, o governo do Estado, solicitou a transferência provisória de sua administração para Petrópolis. Em 18 de setembro de 1893, o Estado adquiriu o prédio do Hotel Orleans, ali instalando a Secretaria de Fazenda do Governo, até 20 de junho de 1903, quando o governo retornou à Capital que, na época, era Niterói. Por curto período, o prédio abrigou a Escola Normal Livre de Petrópolis. Em 25 de abril de 1909, foi vendido a Manoel Lobato Carneiro Leão, para instalação do Ginásio Petrópolis, também de curta existência. Em 10 de novembro de 1913, nesse mesmo prédio foi inaugurado o Palace Hotel. Poucos anos depois, em 1924, foi comprado por Vitório Falcone. Foi palco de homenagens ao Rei Alberto da Bélgica, prestadas juntamente com o presidente Epitácio Pessoa, quando veio a Petrópolis em 1920. Lá também se hospedou, enquanto sua casa “A Encantada” estava sendo construída, Alberto Santos Dumont, o Pai da Aviação. Com o falecimento do proprietário, os herdeiros venderam o prédio às Faculdades Católicas Petropolitanas, em 31 de dezembro de 1956. O imóvel foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico”.
grande relevo na sociedade fluminense. Ele foi presidente do Banco do Brasil, membro do Conselho Técnico de Economia e Finanças e da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. O doutor Guilherme Guinle foi também patrocinador de pesquisas científicas, financiando a publicação de livros e revistas. Colaborou com a Associação Cristã de Moços, proporcionou uma sede própria ao Centro Dom Vital, ajudou financeiramente a PUC-Rio. Ao Museu Imperial de Petrópolis ele doou numerosos objetos de sua coleção histórica; o Seminário Diocesano recebeu dele uma contribuição de cerca de Cr$ 3.000.000,00 30 (ALVES NETO, 2005, p. 70-71). Logo após a compra do Palace Hotel (ANEXO B4) por parte das Faculdades Católicas Petropolitanas, o edifício foi reformado para as mais urgentes adaptações e na nova sede, em fevereiro de 1956, iniciaram as atividades culturais, com uma série de conferências públicas, às quais compareceu numerosa elite petropolitana. Entre os relatores do primeiro ciclo das chamadas “conferências de verão”, estava Alceu Amoroso Lima, que discursou sobre Machado de Assis e Marcel Proust. O sucesso das atividades culturais motivou as Faculdades a programar também cursos de extensão universitária (AÇÂO, abril, 1956, p. 110). A abertura solene dos cursos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras realizou-se a 10 de março de 1956, com a benção das novas instalações e a homenagem ao governador do Estado, Miguel Couto Filho, e ao doutor Guilherme Guinle, cujos retratos foram colocados na sala de recepção. Manifestando sua satisfação ao governador Miguel Couto Filho, pela Lei de 1955, que autorizou a abertura de crédito extraordinário de Cr$ 3.000.000,00 31 para as Faculdades Católicas Petropolitanas (ANEXO B5), Dom Cintra afirmou que “foi um entendimento cordial, em termos amplos de confiança recíproca e de elevada compreensão do ideal educativo e cultural da Igreja, no empreendimento árduo do magistério desta escola de ensino superior” (AÇÃO, abril, 1956, p. 111). Ao agradecer, depois, ao doutor Guilherme Guinle, pela aquisição do “magnífico prédio”, Dom Cintra ressaltou que o mesmo pagou o total do sinal para a compra do Palace Hotel, estabelecido em Cr$ 1.000.000,00, e que, naquele mesmo dia, iria saldar completamente a dívida da compra do edifício, entregando-lhe os títulos no valor de Cr$ 30 Valor atualizado na moeda corrente de 1º de julho de 2008, através do IGP-DI da fundação Getúlio Vargas: R$ 1.206.725,62. 31 Vede nota anterior.
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