a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii
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As representações são variáveis segun<strong>do</strong> as disposições <strong>do</strong>s grupos<br />
ou classes sociais; aspiram à universali<strong>da</strong>de, mas são sempre<br />
determina<strong>da</strong>s pelos interesses <strong>do</strong>s grupos que as forjam. O poder e a<br />
<strong>do</strong>minação estão sempre presentes. As representações não são<br />
discursos neutros: produzem estratégias e práticas tendentes a impor<br />
uma autori<strong>da</strong>de, uma deferência, e mesmo a legitimar escolhas.” 20<br />
É certo que elas se colocam no campo <strong>da</strong> concorrência e <strong>da</strong> luta. Nas<br />
lutas de representações tenta-se impor a outro ou ao mesmo grupo sua<br />
concepção de mun<strong>do</strong> social: conflitos que são tão importantes quanto as lutas<br />
econômicas; são tão decisivos quanto menos imediatamente materiais. 21<br />
Deste mo<strong>do</strong>, as ditas representações coletivas, segun<strong>do</strong> Chartier,<br />
expressam uma série de tensões que, de alguma maneira, procuram equilibrar<br />
um pouco a balança <strong>da</strong> dicotomia entre estruturalismo e filosofia <strong>do</strong> sujeito, de<br />
acor<strong>do</strong> com Carvalho. Ele também afirma que esta tensão resulta <strong>da</strong><br />
incorporação de elementos explicativos que poderiam ser de uma ou de outra<br />
tradição intelectual. 22 Teríamos, segun<strong>do</strong> Carvalho, a tensão entre<br />
representação que é condiciona<strong>da</strong> pelo social e a representação matriz<br />
constitutiva <strong>do</strong> social, a tensão entre a função política e a função lógica <strong>da</strong>s<br />
representações, a tensão entre a representação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de e a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
representação, a tensão entre as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des <strong>do</strong> fazer-crer e as formas de<br />
crença, entre a imposição de um significa<strong>do</strong> e a plurali<strong>da</strong>de de apropriações. 23<br />
As tensões, segun<strong>do</strong> Chartier, evidência de que não se pode ver os<br />
fenômenos de forma unitária, sem a possibili<strong>da</strong>de de haver contradições. As<br />
tensões revelam um potencial explicativo excepcional, segun<strong>do</strong> Carvalho,<br />
porque não são constituí<strong>da</strong>s por elementos não relaciona<strong>do</strong>s ou conecta<strong>do</strong>s.<br />
Pelo contrário, elas são revela<strong>da</strong>s mediante a confecção de um caminho que<br />
orienta os três registros de reali<strong>da</strong>de nos quais os indivíduos ou os grupos<br />
mantêm relações com o mun<strong>do</strong> social. 24<br />
Carvalho também tem informações importantes no tocante ao estu<strong>do</strong><br />
<strong>da</strong>s representações coletivas. Ele afirma que, estu<strong>da</strong>n<strong>do</strong> o impacto <strong>da</strong>s<br />
representações em uma <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>, aparecem <strong>do</strong>is caminhos teórico-<br />
20 CARVALHO, F. A. L. O conceito de representações coletivas segun<strong>do</strong> Roger Chartier. In: _____.<br />
Diálogos, DHI/PPH/UEM, v. 9, n. 1. 2005. p. 149<br />
21 Idem<br />
22 Idem<br />
23 Idem<br />
24 Ibidem. p. 158<br />
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