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a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

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capital como na província. 176 Estava na mo<strong>da</strong> ir ao teatro, e em Portugal o nível<br />

de patrocínio <strong>do</strong> entretenimento por parte <strong>da</strong> Coroa era mais intenso <strong>do</strong> que em<br />

outros lugares <strong>da</strong> Europa, fazen<strong>do</strong> com que mais gente tivesse condições de ir<br />

ao lugar. Lopes observou que até as mulheres, que geralmente ficavam<br />

tranca<strong>da</strong>s em casa, puderam ir ao teatro.<br />

O ato de ir ao teatro tinha vira<strong>do</strong> mo<strong>da</strong>, mas de acor<strong>do</strong> com registros <strong>da</strong><br />

época, não era comum que se desse muita atenção ao que estava ocorren<strong>do</strong><br />

no palco. 177 Evidência de que o teatro tinha a mesma função social em Portugal<br />

<strong>do</strong> que na França e na Inglaterra. Os indivíduos iam nele para verem e para<br />

serem vistas, sen<strong>do</strong> este uma grande fonte de divertimento na época.<br />

A resistência a enre<strong>do</strong>s inova<strong>do</strong>res fez-se sentir fortemente em Portugal.<br />

De fato, Sampaio observa que houve uma produção de peças de teatro muito<br />

baixa no <strong>século</strong> XVIII. 178 Note-se que no caso <strong>da</strong> análise de Portugal, “enre<strong>do</strong>s<br />

inova<strong>do</strong>res” se referem ao fato de peças que promovessem costumes alheios<br />

aqueles estabeleci<strong>do</strong>s como tradicionais na <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>. De um mo<strong>do</strong> geral,<br />

Portugal, se consideran<strong>do</strong> uma nação mais conserva<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> que as demais,<br />

sofria, no tocante à representação teatral, uma constante polarização entre<br />

aquilo que pertencia à tradição, e aquilo que quebrava com esta tradição. Sinal<br />

de que se havia um desejo pela modernização <strong>do</strong> país, por outro havia uma<br />

grande desconfiança em relação à moderni<strong>da</strong>de e um desejo de manter a<br />

<strong>socie<strong>da</strong>de</strong> estável.<br />

Textos estrangeiros tratavam de ser a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>s à reali<strong>da</strong>de <strong>portuguesa</strong><br />

quan<strong>do</strong> traduzi<strong>do</strong>s. 179 Passan<strong>do</strong> pela Real Mesa Censitória, se tratava de<br />

reprimir idéias modernas, quan<strong>do</strong> não “subversivas”, e se inseria discursos<br />

tradicionalistas no lugar. Lopes fez sua pesquisa basea<strong>da</strong> na condição feminina<br />

em Portugal no <strong>século</strong> XVIII, e portanto também observou que os conceitos<br />

acrescenta<strong>do</strong>s nas traduções envolviam misoginia. 180<br />

Até mesmo o mo<strong>do</strong> como o ator poderia representar os personagens<br />

estava sob controle de uma força maior. Podem-se encontrar autores de peças<br />

176<br />

LOPES, M. A. Mulheres, espaço e sociabili<strong>da</strong>de, Coleção Horizonte Histórico, livros Horizonte,<br />

Lisboa, 1989, p.152<br />

177<br />

Idem<br />

178<br />

SAMPAIO, A. F., As melhores páginas <strong>do</strong> teatro português, Lisboa. 1933. p. 22<br />

179<br />

LOPES, M. A. Mulheres, espaço e sociabili<strong>da</strong>de, Coleção Horizonte Histórico, livros Horizonte,<br />

Lisboa, 1989, p.166<br />

180 Idem<br />

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