19.05.2013 Views

a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

clubes, lugares onde se podia conversar livremente e onde a hierarquia parecia<br />

desaparecer. 53 Outro lugar de destaque era o parque, que possibilitava o<br />

costume <strong>do</strong> passeio. Neste caso a intenção era o contato breve que se poderia<br />

estabelecer com pessoas de várias classes sociais, como o rei acenan<strong>do</strong> para<br />

um violinista. Apesar de populares na Inglaterra e na França, em Portugal<br />

nenhum destes lugares (exceto o teatro) conseguiu ter sucesso. 54 Os jardins<br />

reais de Lisboa, por exemplo, ficavam às moscas. Isto por causa de certas<br />

peculiari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> cultura <strong>portuguesa</strong>, que olhava com desconfiança a respeito<br />

de importações estrangeiras. As relações sociais em Portugal se <strong>da</strong>vam em<br />

missas, toura<strong>da</strong>s (comuns à cultura ibérica), e nas festas populares. 55<br />

2.6 As relações de poder e <strong>do</strong>minação <strong>da</strong>s classes sociais <strong>do</strong> Antigo<br />

regime: visão geral.<br />

Para se entender as relações entre as diferentes classes sociais no<br />

Antigo Regime, é necessário primeiro entender que o conceito de que to<strong>do</strong>s os<br />

seres humanos têm direito à felici<strong>da</strong>de é moderno, assim como o que afirma<br />

que to<strong>do</strong>s são iguais perante a lei. Na ver<strong>da</strong>de estes conceitos já estavam<br />

formula<strong>do</strong>s no <strong>século</strong> XVIII, mas faziam parte apenas <strong>do</strong>s escritos de<br />

pensa<strong>do</strong>res Iluministas. Não estavam engendra<strong>do</strong>s na <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>. Havia um<br />

consenso geral de que a Natureza havia defini<strong>do</strong> os homens de forma desigual.<br />

Em uma <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> <strong>do</strong> Antigo Regime, a palavra “popular”, nem sempre<br />

tinha o mesmo significa<strong>do</strong> <strong>da</strong> palavra usa<strong>da</strong> atualmente. Na época, o “povo”<br />

era visto como algo genérico, equivalente a to<strong>do</strong>s aqueles que não possuíam<br />

títulos de nobreza. 56 Segun<strong>do</strong> Silvia Humold Lara:<br />

As relações de poder eram necessariamente relações de <strong>do</strong>minação, e<br />

aqueles que não possuíam poder, tinham que se apropriar de<br />

instituições e mecanismos de política e <strong>do</strong> governo, para fazê-lo<br />

funcionar de algum mo<strong>do</strong> na direção de seus objetivos e interesses. 57<br />

53<br />

SENNETT, R. O declínio <strong>do</strong> homem público, as tiranias <strong>da</strong> intimi<strong>da</strong>de, São Paulo, 1988, ps. 109-113<br />

54<br />

LOPES, M. A. Mulheres, espaço e sociabili<strong>da</strong>de, Coleção Horizonte Histórico, livros Horizonte,<br />

Lisboa, 1989, ps. 156-157<br />

55<br />

Ibidem, ps. 147-159<br />

56<br />

LARA, S. H. Mo<strong>do</strong>s de governar. In: ____. Idéias e práticas políticas no império português, <strong>século</strong>s<br />

XVI-XIX. Org. BICALHO, M F., FERLINI, V.L. A. Alame<strong>da</strong>, São Paulo, 2005. p. 34<br />

57<br />

Ibidem. p. 35<br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!