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a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

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irreali<strong>da</strong>de, e sua criação era apenas a realização de um poder de expressão<br />

em uma obscura “vi<strong>da</strong> real”.<br />

Se a palavra era real e a fala, em qualquer momento, era crível mesmo<br />

sem referência ao que estava acontecen<strong>do</strong> na peça, a espontanei<strong>da</strong>de<br />

instantânea <strong>da</strong> platéia era liberta<strong>da</strong>. As pessoas não tinham que estar atentas a<br />

ponto de precisar promover a to<strong>do</strong> instante um processo de decodificação para<br />

saberem o que realmente estava sen<strong>do</strong> dito, através <strong>do</strong>s gestos. A<br />

espontanei<strong>da</strong>de era então produzi<strong>da</strong> pela artificiali<strong>da</strong>de, 175 não ten<strong>do</strong> o ator<br />

representar no palco de forma natural em relação ao personagem. Isto pode<br />

estar relaciona<strong>do</strong> com a maneira com que não havia preocupação em <strong>da</strong>r um<br />

figurino ou uma representação adequa<strong>da</strong> ao perío<strong>do</strong> temporal e espacial<br />

trata<strong>do</strong>s por uma peça, já que isto não era considera<strong>do</strong> relevante, nem sequer<br />

cogita<strong>do</strong> por atores e dramaturgos <strong>da</strong> época <strong>do</strong> Antigo Regime.<br />

3.3 As especifici<strong>da</strong>des <strong>do</strong> teatro português<br />

O teatro português <strong>do</strong> <strong>século</strong> XVIII foi importa<strong>do</strong> <strong>da</strong> França, em uma<br />

tentativa de tornar Portugal mais próximo <strong>da</strong>s outras nações européias. De<br />

fato, existia no país um certo isolamento que causava espanto à visitantes<br />

estrangeiros que iam até lá, como era retrata<strong>do</strong> nos registros <strong>da</strong> época.<br />

O impulso não se restringia ao teatro. Havia uma política para a<strong>do</strong>tar<br />

certos costumes <strong>da</strong> França que se estendiam também à mo<strong>da</strong> e aos costumes.<br />

Com as relações sociais a situação era mais complica<strong>da</strong>, não sen<strong>do</strong> poucos<br />

aqueles que acusavam os “costumes estrangeiros” de subversivos e ruinosos à<br />

<strong>socie<strong>da</strong>de</strong>. O desejo de imitar o comportamento <strong>do</strong>s franceses fez com que<br />

houvesse uma artificialização deste comportamento. Característica já defini<strong>da</strong><br />

como artificial para os franceses (de acor<strong>do</strong> com o defini<strong>do</strong> por Sennett), para<br />

aqueles que procuravam imitá-lo parecia ain<strong>da</strong> mais artificial.<br />

Segun<strong>do</strong> Lopes, o teatro se revelou um ótimo lugar para convívio social<br />

desliga<strong>do</strong> <strong>da</strong>s obrigações de representação rigorosas. Então houve um grande<br />

entusiasmo por este tipo de entretenimento por parte <strong>da</strong> população, tanto na<br />

175 SENNETT, R. O declínio <strong>do</strong> homem público, as tiranias <strong>da</strong> intimi<strong>da</strong>de, São Paulo, 1988. p. 107<br />

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