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a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

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características também poderiam ser aplica<strong>da</strong>s a Portugal, já que o processo<br />

de centralização <strong>do</strong> poder e <strong>da</strong> submissão por parte <strong>da</strong> aristocracia perante o<br />

rei não era exclusivo <strong>da</strong> França.<br />

Apesar de serem percebi<strong>da</strong>s como uma cama<strong>da</strong> genérica, o que era<br />

chama<strong>do</strong> de “povo” tinha muitas hierarquizações, que emulavam suas relações<br />

a partir <strong>do</strong> modelo de como a aristocracia o fazia. 63<br />

2.7 As instituições de Portugal no <strong>século</strong> XVIII: o casamento e a<br />

condição feminina<br />

Se as relações de <strong>do</strong>minação <strong>da</strong>s <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s <strong>do</strong> Antigo Regime tinham<br />

base no sistema de <strong>do</strong>minação familiar, é interessante analisar como<br />

funcionava este sistema. Para isso temos os escritos de Antonio Manuel<br />

Hespanha, que dissertou várias vezes sobre o funcionamento <strong>da</strong> instituição<br />

familiar. Hespanha é um historia<strong>do</strong>r centra<strong>do</strong> nos estu<strong>do</strong>s de Portugal, mas<br />

neste caso ele afirma que as estruturas discuti<strong>da</strong>s podem ser aplica<strong>da</strong>s à to<strong>da</strong><br />

a Europa <strong>do</strong> Antigo Regime. 64 Então, Hespanha começa discutin<strong>do</strong> o<br />

casamento, o qual afirma ser um contrato entre duas partes, que tinha três<br />

funções, a procriação, o prosseguimento <strong>da</strong> linhagem e o interesse<br />

econômico. 65 A primeira destas funções se liga diretamente com as duas<br />

seguintes. Com o prosseguimento <strong>da</strong> linhagem porque deverá haver um filho<br />

varão que assuma as responsabili<strong>da</strong>des de prosseguir a viabili<strong>da</strong>de econômica<br />

<strong>da</strong> família. E com o interesse econômico, pela existência de mão-de-obra para<br />

trabalhar. 66 Assim, o casamento era tu<strong>do</strong> menos idílico. Na<strong>da</strong> de amor, muito<br />

de objetivi<strong>da</strong>de. O casamento era na<strong>da</strong> mais <strong>do</strong> que um acor<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong> entre<br />

os pais de um rapaz e de uma moça, 67 ou seja, um acor<strong>do</strong> estritamente<br />

econômico de viabilização <strong>da</strong>s famílias. Se no meio rural o casamento era visto<br />

como meio para continuação <strong>do</strong> sustento <strong>da</strong> família, para a burguesia urbana<br />

ele era ain<strong>da</strong> mais ambicioso, ten<strong>do</strong> como objetivo a ascensão social de uma<br />

62 OLIVAL Fernan<strong>da</strong>. Um rei e um reino que viviam <strong>da</strong> mercê. In:____. As ordens militares e o esta<strong>do</strong><br />

moderno; Honra, mercê e venali<strong>da</strong>de em Portugal (1641-1789). Lisboa. Estar. 2001. ps. 16-32<br />

63 ELIAS, Norbert. A <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> de corte. Rio de Janeiro, 2001.p. 68<br />

64 HESPANHA, A.M. XAVIER. A.B. A representação <strong>da</strong> <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> e <strong>do</strong> poder. In:____. História de<br />

Portugal IV: o Antigo Regime. Dir. HESPANHA, A. M. Lisboa. 1993. p. 322<br />

65 Ibidem. p. 77<br />

66 Ibidem. p. 322<br />

67 Ibidem. p. 78<br />

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