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a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

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que, ao se apropriarem deles, os investem de significações plurais e<br />

concorrentes. 39 Sua perspectiva é outra: ele quer compreender a partir <strong>da</strong>s<br />

mutações no mo<strong>do</strong> de exercício <strong>do</strong> poder (gera<strong>do</strong>res de formações sociais<br />

inéditas) tanto as transformações <strong>da</strong>s estruturas <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de quanto as<br />

<strong>da</strong>s instituições e <strong>da</strong>s regras que governam a produção <strong>da</strong>s obras e a<br />

organização <strong>da</strong>s práticas. 40 A ligação estabeleci<strong>da</strong> por Norbert Elias entre, por<br />

um la<strong>do</strong> a racionali<strong>da</strong>de de corte – entendi<strong>da</strong> como uma economia psíquica<br />

específica, produzi<strong>da</strong> pelas exigências de uma forma social nova, necessária<br />

ao absolutismo – e, por outro, os traços próprios à literatura clássica – em<br />

termos de hierarquia de gêneros, de características estilísticas, de convenções<br />

estéticas – designa com acui<strong>da</strong>de o lugar de um trabalho possível. 41<br />

Mas é também a partir <strong>da</strong>s divisões instaura<strong>da</strong>s pelo poder (por exemplo<br />

entre os <strong>século</strong>s XVI e XVII entre razão de Esta<strong>do</strong> e consciência moral, entre<br />

patronagem estatal e liber<strong>da</strong>de de foro íntimo) que devem ser aprecia<strong>da</strong>s tanto<br />

a emergência de uma esfera literária autônoma como a constituição de um<br />

merca<strong>do</strong> de bens simbólicos e de julgamentos intelectuais ou estéticos.<br />

Estabelece assim um espaço <strong>da</strong> crítica livre onde se opera uma progressiva<br />

politização, contra a monarquia <strong>do</strong> Antigo Regime de práticas culturais que o<br />

Esta<strong>do</strong> tinha durante algum tempo captura<strong>do</strong> em seu proveito – ou que tinham<br />

nasci<strong>do</strong> como reação a seu ascendente, na esfera <strong>do</strong> priva<strong>do</strong>. 42<br />

2.5 O teatro e o “estar em público”<br />

Aplica<strong>do</strong>s ao Antigo Regime português, os conceitos discuti<strong>do</strong>s por<br />

Chartier mostram a relevância em se tratar <strong>do</strong>s relacionamentos entre os<br />

elementos que compunham esta <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>. As “tensões” entre eles revelam<br />

muito sobre seus comportamentos. As aparências apresenta<strong>da</strong>s por Sennett<br />

denotavam representativi<strong>da</strong>des. Se elas eram a base <strong>da</strong> <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> <strong>do</strong> Antigo<br />

39<br />

CHARTIER, R. O mun<strong>do</strong> como representação. In:_____. Estu<strong>do</strong>s Avança<strong>do</strong>s. Vol. 5. No. 11. São<br />

Paulo. 1991, tira<strong>do</strong> <strong>do</strong> site www.scielo.br<br />

40<br />

Idem<br />

41<br />

ELIAS, N. A <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> de corte. Rio de Janeiro, 2001. ps. 108-110<br />

42<br />

CHARTIER. R. O mun<strong>do</strong> como representação. In: _____. À beira <strong>da</strong> falésia: a história entre<br />

incertezas e inquietude. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Ed. Universi<strong>da</strong>de/UFRGS, 2002, p.<br />

63<br />

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