19.05.2013 Views

a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

existência a não ser na imagem que exibe, que a representação mascare ao<br />

invés de pintar adequa<strong>da</strong>mente o que é seu referente. Pascal desnu<strong>da</strong> este<br />

mecanismo <strong>da</strong> "vitrina" que manipula os signos destina<strong>do</strong>s a produzir ilusão – e<br />

não a fazer conhecer as coisas tais como são. 34<br />

A relação de representação é, desse mo<strong>do</strong>, perturba<strong>da</strong> pela fraqueza <strong>da</strong><br />

imaginação, que considera os signos visíveis como índices seguros de uma<br />

reali<strong>da</strong>de que não o é. 35 Corrompi<strong>da</strong>, a representação transforma-se em<br />

máquina de fabricar respeito e submissão, 36 num instrumento que produz uma<br />

exigência interioriza<strong>da</strong>, necessária exatamente onde faltar o possível recurso à<br />

força bruta.<br />

Chartier ain<strong>da</strong> afirma que to<strong>da</strong> reflexão engaja<strong>da</strong> sobre as <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s<br />

de Antigo Regime só pode inscrever-se na perspectiva assim traça<strong>da</strong>,<br />

duplamente pertinente. Por considerar a posição "objetiva" de ca<strong>da</strong> indivíduo<br />

como dependente <strong>do</strong> crédito que aqueles de que espera reconhecimento<br />

conferem à representação que dá de si mesmo. Por compreender as formas de<br />

<strong>do</strong>minação simbólica, pelo "aparelho" ou pelo "aparato” como o corolário <strong>da</strong><br />

ausência ou <strong>do</strong> apagamento <strong>da</strong> violência imediata. E portanto, no processo de<br />

longa duração de erradicação <strong>da</strong> violência, torna<strong>da</strong> monopólio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

absolutista, que é preciso inscrever a importância crescente <strong>da</strong>s lutas de<br />

representação, cuja problemática central é o ordenamento, logo a<br />

hierarquização <strong>da</strong> própria estrutura social. 37<br />

Chartier ain<strong>da</strong> propôs uma discussão sobre as práticas culturais <strong>da</strong>s<br />

formas de exercício de poder. Ele critica a posição <strong>da</strong> historiografia francesa, a<br />

qual afirma se fun<strong>da</strong>r sobre o prima<strong>do</strong> <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de <strong>do</strong> sujeito, pensa<strong>do</strong> como<br />

livre de to<strong>da</strong> e qualquer determinação, e privilegian<strong>do</strong> a oferta de idéias e<br />

aparte refleti<strong>da</strong> <strong>da</strong> ação, uma tal posição obstina-se numa dupla importância:<br />

ignora as exigências não sabi<strong>da</strong>s pelos indivíduos e que no entanto regulam –<br />

aquém <strong>do</strong>s pensamentos claros e muitas vezes apesar deles – as<br />

representações e as ações 38 ; supõe uma eficácia própria às idéias e aos<br />

discursos, separa<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s formas que os comunicam, destaca<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s práticas<br />

34 CHARTIER, Roger. O mun<strong>do</strong> como representação. In:_____. Estu<strong>do</strong>s Avança<strong>do</strong>s. Vol. 5. No. 11. São<br />

Paulo. 1991, tira<strong>do</strong> <strong>do</strong> site www.scielo.br<br />

35 Idem<br />

36 Idem<br />

37 Idem<br />

38 Idem<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!