a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii
a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii
a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
meto<strong>do</strong>lógicos possíveis para o estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s representações coletivas. Primeiro<br />
ele propõe o estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> construção de identi<strong>da</strong>des sociais a partir <strong>do</strong> confronto<br />
entre as representações impostas por aqueles que detêm o poder de classificar<br />
e nomear, e as representações construí<strong>da</strong>s pela própria comuni<strong>da</strong>de, seja<br />
passivamente, seja resistin<strong>do</strong> à imposição. 25 Em segun<strong>do</strong> lugar, ele propôs o<br />
estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> grupo de fazer com que se reconheça sua existência<br />
a partir <strong>da</strong> exibição de uma uni<strong>da</strong>de instrumentaliza<strong>da</strong> pela representação. 26<br />
Afirma Carvalho que essa proposta denota que a história cultural estaria<br />
fazen<strong>do</strong> um duplo “retorno útil ao social”, lançan<strong>do</strong> o olhar para o choque de<br />
forças sociais que move as “lutas de representações” e para a capaci<strong>da</strong>de que<br />
o grupo tem de se fazer reconhecer como uni<strong>da</strong>de e identi<strong>da</strong>de. 27<br />
Chartier também propunha uma história social <strong>da</strong> cultura para uma<br />
História Cultural <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de, recusan<strong>do</strong> o pressuposto de que os contrastes<br />
e as diferenças culturais estivessem forçosamente organiza<strong>do</strong>s em função de<br />
um recorte social previamente constituí<strong>do</strong>. Uma <strong>da</strong>s idéias que isto propunha<br />
era a defesa de uma nova abor<strong>da</strong>gem de mesmos <strong>do</strong>cumentos, bens e idéias,<br />
contrastan<strong>do</strong> o que eles representavam para ca<strong>da</strong> vertente <strong>da</strong> <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>.<br />
Assim, isto significa que as regras que definiam o vestuário para ca<strong>da</strong> estrato<br />
<strong>da</strong> <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> <strong>do</strong> Antigo Regime eram interpreta<strong>da</strong>s de forma diferente por ca<strong>da</strong><br />
um deles.<br />
Mas o que a representação de Chartier realmente significava? Ela<br />
designava o mo<strong>do</strong> pelo qual em diferentes lugares e momentos uma<br />
determina<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de é construí<strong>da</strong>, pensa<strong>da</strong> e <strong>da</strong><strong>da</strong> a ler por diferentes grupos<br />
sociais. 28 A construção <strong>da</strong>s identi<strong>da</strong>des sociais seria o resulta<strong>do</strong> de uma<br />
relação de força entre as representações impostas por aqueles que tem poder<br />
de classificar e de nomear e a definição submeti<strong>da</strong> ou resistente que ca<strong>da</strong><br />
comuni<strong>da</strong>de produz de si mesma. 29 É deste ponto que a discussão <strong>da</strong><br />
<strong>socie<strong>da</strong>de</strong> ten<strong>do</strong> foco na representação se revela relevante, possibilitan<strong>do</strong> uma<br />
análise <strong>da</strong> forma por que os indivíduos e a <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> concebem, ou<br />
25<br />
CARVALHO, F. A. L. O conceito de representações coletivas segun<strong>do</strong> Roger Chartier. In: _____.<br />
Diálogos, DHI/PPH/UEM, v. 9, n. 1. 2005. p. 158<br />
26<br />
Idem<br />
27<br />
Idem<br />
28<br />
CHARTIER. R. O mun<strong>do</strong> como representação. In: _____. À beira <strong>da</strong> falésia: a história entre<br />
incertezas e inquietude. Porto Alegre: Ed. Universi<strong>da</strong>de/UFRGS, 2002, p. 71<br />
29<br />
Ibidem. p. 72<br />
15