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a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

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elações mais próximas, 94 e tinham de se encarregar <strong>da</strong> educação <strong>do</strong>s filhos<br />

pessoalmente, mesmo que possuíssem serviçais. A idéia <strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

família era bem mais tensa para as famílias humildes, já que além <strong>da</strong><br />

preocupação com a continui<strong>da</strong>de, havia a preocupação com a ascensão<br />

social. 95<br />

2.9 O papel e o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviçais nas relações sociais <strong>da</strong>s<br />

<strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s <strong>do</strong> Antigo Regime<br />

Um personagem comum no teatro <strong>do</strong> Antigo Regime era a figura <strong>do</strong><br />

cria<strong>do</strong>, que parece sempre ser uma espécie de acompanhante <strong>da</strong>queles que<br />

representam seus amos. Mas quais eram as características associa<strong>da</strong>s à esta<br />

figura na mentali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> época? Lopes observa que se esperava que os<br />

cria<strong>do</strong>s fossem numerosos, bem traja<strong>do</strong>s e educa<strong>do</strong>s. A autora disse que na<br />

<strong>socie<strong>da</strong>de</strong> <strong>portuguesa</strong> em particular havia uma familiari<strong>da</strong>de, uma<br />

cumplici<strong>da</strong>de, entre cria<strong>do</strong>s e patrões que chegava a assombrar estrangeiros. 96<br />

Assim, no caso português, a proximi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s indivíduos com seus cria<strong>do</strong>s era<br />

tanta que o conceito de família poderia englobar estes cria<strong>do</strong>s.<br />

Elias não tem muito a dizer sobre os serviçais no seu estu<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>socie<strong>da</strong>de</strong> de corte, pois estes viviam, de certa maneira, nos basti<strong>do</strong>res <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

de seus senhores. Sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>s cruciais para o funcionamento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

pública <strong>do</strong>s senhores, Elias afirmou que a <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> de corte se estruturava<br />

sobre uma ampla cama<strong>da</strong> de serviçais. 97 A própria forma <strong>da</strong> organização <strong>do</strong>s<br />

aposentos em uma casa já mostrava muita coisa sobre as relações entre<br />

patrões e cria<strong>do</strong>s. Havia a presença de aposentos cria<strong>do</strong>s especialmente para<br />

que os cria<strong>do</strong>s pudessem desempenhar funções incumbi<strong>da</strong>s pelos seus<br />

senhores. 98 Um destes aposentos era a “sala de companhia”, que se localizava<br />

logo fora <strong>do</strong>s quartos <strong>do</strong>s senhores, e que servia exclusivamente para que os<br />

serviçais pudessem esperar as ordens deles.<br />

94<br />

Determina<strong>da</strong>s até mesmo pelo próprio espaço, já que as casas mais humildes tinham poucos aposentos,<br />

tornan<strong>do</strong> o convívio inevitável, de qualquer maneira.<br />

95<br />

HESPANHA, A.M. XAVIER. A.B. A representação <strong>da</strong> <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> e <strong>do</strong> poder. In:____. História de<br />

Portugal IV: o Antigo Regime. Dir. HESPANHA, A. M. Lisboa. 1993. p. 67<br />

96<br />

LOPES, M. A. Mulheres, espaço e sociabili<strong>da</strong>de, Coleção Horizonte Histórico, livros Horizonte,<br />

Lisboa, 1989, p 75<br />

97<br />

ELIAS, N. A <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> de corte. Rio de Janeiro, 2001.p. 69<br />

98 Ibidem. p. 70<br />

29

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