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a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

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com apenas uma <strong>da</strong>s duas coisas. 136 Em suma, o ator está no palco para<br />

representar uma farsa, um “mun<strong>do</strong> de mentirinha”, ao público. Eles fazem com<br />

que o público tenha emoções (isto é, rir ou chorar), e contracenam de mo<strong>do</strong> a<br />

serem vistos pelo público. 137 De fato, um <strong>do</strong>s maiores interesses (e desafios)<br />

para o ator quan<strong>do</strong> está no palco é chamar a atenção <strong>do</strong>s especta<strong>do</strong>res,<br />

prender esta atenção, fazer com que reajam de forma intensa ao que acontece<br />

no palco.<br />

Gasset e Guinzburg também observaram que o homem tem<br />

necessi<strong>da</strong>de de, às vezes, escapar <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, e o teatro seria uma<br />

<strong>da</strong>s maneiras de se fazer isso. 138 Ele necessita periodicamente de evasão <strong>da</strong><br />

cotidiani<strong>da</strong>de em que se sente prisioneiro, de obrigações, regras e trabalhos. 139<br />

Os autores afirmam que a necessi<strong>da</strong>de de escapar <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de e construir<br />

uma imagem fingi<strong>da</strong> acompanha o homem há muito tempo. 140 Explican<strong>do</strong> de<br />

outra maneira, isto significa que o homem passa a vi<strong>da</strong> queren<strong>do</strong> ser outro,<br />

mas isso é impossível, a não ser pelo meio <strong>da</strong> metáfora. O teatro é uma <strong>da</strong>s<br />

vertentes desta metáfora.<br />

Em relação ao que deveria ser apresenta<strong>do</strong> na representação teatral,<br />

Gasset e Guinzburg afirmam que o teatro deve apresentar um “ser em forma”,<br />

ou seja, os personagens deveriam ser representa<strong>do</strong>s em sua glória, e não em<br />

sua ruína. Seria este elemento, segun<strong>do</strong> eles, que diferenciaria o teatro <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong>de, pois as pessoas mostra<strong>da</strong>s nele são imortaliza<strong>da</strong>s, 141 transcenden<strong>do</strong><br />

o aspecto passageiro <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, sobreviven<strong>do</strong> através <strong>do</strong> tempo. Assim, pessoas<br />

de épocas passa<strong>da</strong>s podem estar mortas há muito tempo, mas as<br />

representações delas por parte de personagens sobrevivem até hoje. Esta<br />

idéia mostra que o teatro pode ser uma boa fonte para estu<strong>da</strong>r costumes e até<br />

mesmo mentali<strong>da</strong>des, não se esquecen<strong>do</strong> que o que o teatro mostra não é o<br />

real, mas sim a representação deste real, que, como será mostra<strong>do</strong> adiante,<br />

podia ser idealiza<strong>da</strong>. Apesar de os personagens geralmente serem<br />

apresenta<strong>do</strong>s em sua glória, algumas vezes se opta por apresentá-los em sua<br />

ruína, pois ela também pode ser fascinante.<br />

136 GUINZBURG, J; GASSET, J. O. y, A idéia <strong>do</strong> teatro, Madri, 1966. p. 39<br />

137 Ibidem. p. 30<br />

138 Ibidem. p. 50<br />

139 Ibidem. p. 70<br />

140 Ibidem. p. 85<br />

141 Ibidem. p. 20<br />

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