19.05.2013 Views

a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Regime. Para ela, a condição <strong>da</strong>s mulheres solteiras era de ain<strong>da</strong> mais<br />

submissão e menos liber<strong>da</strong>de <strong>do</strong> que as casa<strong>da</strong>s, pois a família tinha a<br />

obrigação de “proteger” as mulheres <strong>da</strong> “mal<strong>da</strong>de” <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. 74 Uma vez<br />

casa<strong>da</strong>s, as mulheres poderiam começar a gozar de certa liber<strong>da</strong>de. Poderiam,<br />

por exemplo, sair de casa, ir à lugares públicos, à bailes. 75 Solteiras, não<br />

podiam nem ir à missa, muitas vezes. 76 Sen<strong>do</strong> assim, havia um desejo e uma<br />

busca pelo casamento por parte <strong>da</strong>s mulheres solteiras. Além disso, Lopes<br />

observou que havia uma reivindicação <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de no casamento por parte <strong>da</strong><br />

mulher, 77 a despeito <strong>da</strong>s relações estabeleci<strong>da</strong>s, como disse Hespanha, de que<br />

o casamento era um acor<strong>do</strong> estritamente econômico. Este tema, a tensão entre<br />

felici<strong>da</strong>de e interesse econômico no casamento, era comum no teatro<br />

português <strong>da</strong> época, sobretu<strong>do</strong> nos entremezes, onde era inclusive o tema<br />

<strong>do</strong>minante.<br />

Lopes ain<strong>da</strong> revela que as mulheres não aceitaram a condição na qual<br />

estavam submeti<strong>da</strong>s de bom gra<strong>do</strong>, houve resistência e rebeldia por parte<br />

delas, e elas acabaram por conseguir mais liber<strong>da</strong>de. 78 Este é outro tema<br />

recorrente no teatro português <strong>da</strong> época, o desejo <strong>da</strong> mulher de “alargar” seu<br />

espaço. Entretanto, segun<strong>do</strong> mostra Lopes, a mentali<strong>da</strong>de vigente não era<br />

exatamente favorável à condição feminina. A mulher era vista como um ser<br />

perigoso, 79 que poderia fazer ruir as instituições estabeleci<strong>da</strong>s. Se era difícil<br />

controlar os relacionamentos públicos <strong>da</strong>s mulheres, se procurou ao menos<br />

isolar os sexos, ou seja, fazer com que homens e mulheres estivessem<br />

separa<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os eventos públicos, inclusive missas. Esta situação, foi,<br />

segun<strong>do</strong> Lopes, única de Portugal, 80 não haven<strong>do</strong> este tipo de esforço em<br />

outras nações <strong>da</strong> Europa. Foram relata<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos que mostram o<br />

espanto de estrangeiros em Portugal ao ver que nos bailes, por exemplo, os<br />

homens ficavam em um lugar e as mulheres em outro. 81 Esta situação já<br />

estava presente desde o <strong>século</strong> XVII, e teve continui<strong>da</strong>de no <strong>século</strong> seguinte.<br />

74 LOPES, M. A. Mulheres, espaço e sociabili<strong>da</strong>de, Coleção Horizonte Histórico, livros Horizonte,<br />

Lisboa, 1989. p 114<br />

75 Ibidem. p. 153<br />

76 Ibidem, p. 112<br />

77 Ibidem. p. 115<br />

78 Ibidem. ps. 118-119<br />

79 Ibidem. p. 17<br />

80 Ibidem. ps. 49-50<br />

81 Idem<br />

25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!