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a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii

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estabeleci<strong>da</strong> superior e a dádiva, esta muito óbvia, representa<strong>da</strong> pelo perdão<br />

recebi<strong>do</strong> pelo personagem após se redimir de seu desafio.<br />

De qualquer forma o desafio às estruturas <strong>da</strong> <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> <strong>do</strong> Antigo<br />

Regime parece ser bastante comum, e isto levanta dúvi<strong>da</strong>s sobre a<br />

mentali<strong>da</strong>de vigente na época. Um fator importante que deve ser leva<strong>do</strong> em<br />

conta ao se estu<strong>da</strong>r este tipo de <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> é o conceito de representação,<br />

como determina<strong>do</strong> por Roger Chartier. Este conceito não se refere ao teatro,<br />

mas pode ser relaciona<strong>do</strong> à ele, como Richard Sennett apontou, “a vi<strong>da</strong> como<br />

um teatro”.<br />

Para que se possa entender o funcionamento <strong>da</strong> <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> <strong>do</strong> Antigo<br />

Regime em Portugal, é preciso fazer uma análise <strong>da</strong>s estruturas que compõem<br />

esta <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>, e inclusive <strong>da</strong>s duas estruturas propostas no tema, a dádiva e<br />

a hierarquia. O objetivo é identificá-las e ressaltar sua importância no<br />

funcionamento <strong>da</strong> <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> em questão, ou seja, de que mo<strong>do</strong><br />

elas se estabeleciam nas relações sociais entre indivíduos, até que ponto eles<br />

valorizavam estas estruturas.<br />

A <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> <strong>do</strong> Antigo Regime aqui analisa<strong>da</strong> é aquela <strong>da</strong> segun<strong>da</strong><br />

<strong>metade</strong> <strong>do</strong> <strong>século</strong> XVIII, um perío<strong>do</strong> de transformações, quan<strong>do</strong> as estruturas<br />

que compunham a <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> estavam começan<strong>do</strong> a <strong>da</strong>r espaço à novas<br />

ideias e novos costumes, um perío<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a aristocracia estava em plena<br />

decadência e totalmente dependente <strong>do</strong> rei, e também uma época em que a<br />

burguesia ascendia rapi<strong>da</strong>mente, reivindican<strong>do</strong> privilégios e liber<strong>da</strong>des para si.<br />

Ao mesmo tempo havia uma disposição em manter o status quo, já que não<br />

interessava nem à burguesia nem à Corte que as “massas” se levantassem.<br />

Em outras palavras, o recorte histórico seleciona<strong>do</strong> para a pesquisa foi a última<br />

época em que as estruturas <strong>do</strong> Antigo Regime preponderaram nas <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s<br />

européias. Em breve, a Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas<br />

sacudiriam a Europa e transformariam suas <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s para sempre, mesmo<br />

aquelas mais conserva<strong>do</strong>ras.<br />

Portugal era uma destas <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s que era bem mais conserva<strong>do</strong>ra <strong>do</strong><br />

que a <strong>da</strong> França ou <strong>da</strong> Inglaterra, por exemplo. Por isso relutava muito mais a<br />

aceitar as mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> nova época <strong>do</strong> que outras <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s européias <strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong>. Isto não quer dizer, contu<strong>do</strong>, que Portugal passou incólume às<br />

transformações. A <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> <strong>portuguesa</strong> tinha, assim, como outras <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s<br />

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