a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii
a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii
a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
família. Casamentos entre classes sociais diferentes eram raros, mas mesmo<br />
entre uma mesma classe poderia haver um grande contraste no que se refere à<br />
riqueza e à influência de certos indivíduos compara<strong>do</strong>s a outros. Hespanha<br />
aponta que os casamentos eram autoriza<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s 12 anos, para as<br />
mulheres, e <strong>do</strong>s 14, para os homens. 68 É importante a discussão sobre o<br />
casamento no Antigo Regime pois este era um tema muito recorrente em<br />
peças de teatro <strong>da</strong> época. Deve-se observar que havia contrastes entre a visão<br />
real e a teatral sobre o casamento. Como última observação sobre o<br />
casamento em <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s <strong>do</strong> Antigo Regime, Hespanha observou que havia<br />
algumas diferenças entre as <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s católicas e protestantes, 69 embora o<br />
casamento tivesse a mesma finali<strong>da</strong>de nas duas <strong>socie<strong>da</strong>de</strong>s. O casamento não<br />
era um sacramento para protestantes, mas uma instituição divina, não melhor<br />
<strong>do</strong> que o celibato, que era produzi<strong>do</strong> por um acor<strong>do</strong> mútuo.<br />
Quanto à condição feminina <strong>do</strong> Antigo Regime, Hespanha afirmou que a<br />
mulher devia ser absolutamente submissa ao homem. 70 O mari<strong>do</strong> detinha a<br />
plena autori<strong>da</strong>de, impon<strong>do</strong> à mulher seu nome, seu <strong>do</strong>micílio e sua condição<br />
social. E mais, ele detinha o controle sobre to<strong>do</strong>s os bens <strong>da</strong> família, mesmo<br />
aqueles pertencentes à mulher, já que esta era julga<strong>da</strong> como desprovi<strong>da</strong> de<br />
capaci<strong>da</strong>de jurídica, para reivindicar qualquer coisa. 71 Sobretu<strong>do</strong> a mulher<br />
<strong>portuguesa</strong>, que era uma <strong>da</strong>s que tinham menos liber<strong>da</strong>de entre to<strong>da</strong>s as<br />
mulheres européias. 72 O papel de submissão imposto à mulher na <strong>socie<strong>da</strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> Antigo Regime se mostra evidente ao se analisar <strong>do</strong>cumentos <strong>da</strong> época,<br />
que faziam apologia <strong>do</strong> “sexo fraco”, frequentemente basea<strong>da</strong>s em passagens<br />
bíblicas.<br />
Se na casa e na relação a autori<strong>da</strong>de era <strong>do</strong> mari<strong>do</strong>, ou seja, <strong>do</strong> homem,<br />
nas tarefas <strong>do</strong>mésticas havia uma partilha: para o homem as tarefas<br />
profissionais, e para mulher as tarefas <strong>do</strong>mésticas e a educação <strong>do</strong>s filhos. 73<br />
Lopes tem mais algumas colocações sobre a condição feminina no Antigo<br />
68 HESPANHA, A.M. XAVIER. A.B. A representação <strong>da</strong> <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> e <strong>do</strong> poder. In:____. História de<br />
Portugal IV: o Antigo Regime. Dir. HESPANHA, A. M. Lisboa. 1993. p. 78<br />
69 Idem<br />
70 Ibidem. p. 79<br />
71 Idem<br />
72 LOPES, M. A. Mulheres, espaço e sociabili<strong>da</strong>de, Coleção Horizonte Histórico, livros Horizonte,<br />
Lisboa, 1989, ps. 41-52<br />
73 HESPANHA, A.M. XAVIER. A.B. A representação <strong>da</strong> <strong>socie<strong>da</strong>de</strong> e <strong>do</strong> poder. In:____. História de<br />
Portugal IV: o Antigo Regime. Dir. HESPANHA, A. M. Lisboa. 1993. p. 79<br />
24