cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
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sen<strong>do</strong> confinadas <strong>do</strong> seu significa<strong>do</strong> e da sua capacidade de <strong>do</strong>ar <strong>identidade</strong>” (BAUMAN,<br />
2001, p. 25). Os estu<strong>do</strong>s de Harvey (1998) reforçam os conceitos de Baumann, pois de acor<strong>do</strong><br />
com o primeiro, “a afirmação de qualquer <strong>identidade</strong> dependente de lugar tem de apoiar-se em<br />
algum ponto no poder motivacional da tradição. É, porém, difícil manter qualquer senti<strong>do</strong> de<br />
continuidade histórica diante de to<strong>do</strong> o fluxo e efemeridade da acumulação flexível”.<br />
(HARVEY, 1998, p.273)<br />
Harvey afirma que o <strong>pós</strong>-fordismo explora a mobilidade geográfica e a descentralização<br />
para limitar o poder sindical, que era fortaleci<strong>do</strong> nas indústrias de produção em massa. Para o<br />
autor, “A fuga de capitais, a desindustrialização de algumas regiões e a industrialização de<br />
outras e a destruição de comunidades operárias tradicionais como bases de poder na luta de<br />
classes se tornam o pivô na transformação espacial sob condições de acumulação mais<br />
flexíveis” (HARVEY, 1998, p.265).<br />
Para Castells (2007), as transformações impostas pelo novo mo<strong>do</strong> de produção são,<br />
além da maior flexibilidade de gerenciamento e a descentralização das empresas e sua<br />
organização em redes, “o declínio concomitante da influência <strong>do</strong>s movimentos de<br />
trabalha<strong>do</strong>res; individualização e diversificação cada vez maior das relações de trabalho;<br />
intervenção estatal para desregular os merca<strong>do</strong>s de forma seletiva e desfazer o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> bem-<br />
estar social com diferentes intensidades e orientações”. (CASTELLS, 2007, p.39)<br />
Segun<strong>do</strong> Castells (2007), o fenômeno das redes serve tanto para conectar quanto para<br />
desconectar instituições, pessoas, regiões e até países, segun<strong>do</strong> a conveniência <strong>do</strong>s objetivos<br />
em jogo, liga<strong>do</strong>s a processos estratégicos. Numa conceituação dessa nova forma de<br />
negociação de merca<strong>do</strong>, o autor afirma que as sociedades estão cada vez mais conviven<strong>do</strong><br />
com uma hierarquia horizontal, em forma de redes, mas que esse procedimento não está<br />
garantin<strong>do</strong> extinção das regras rígidas e a aproximação das pessoas, pois as relações sociais<br />
acabam por se fragmentar e se tornarem baseadas na competição. “A fragmentação social se<br />
propaga, à medida que as <strong>identidade</strong>s se tornam mais específicas e cada vez mais difíceis de<br />
compartilhar”. (CASTELLS, 2007, p.41)<br />
Sobre este aspecto da fragmentação e a influência nas relações sociais e identitárias,<br />
Sennett (1999) explica que o impacto de maior negatividade da flexibilização é no caráter<br />
pessoal <strong>do</strong>s indivíduos, o que acaba por refletir nas relações familiares e sociais. O caráter,<br />
para Sennett, “concentra-se sobretu<strong>do</strong> no aspecto a longo prazo de nossa experiência<br />
emocional. É expresso pela lealdade e compromisso mútuo, pela busca de metas a longo<br />
prazo, ou pela prática de adiar a satisfação em troca de um fim futuro”. (SENNETT, 1999,<br />
p.10)<br />
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