cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
cultura do consumo, identidade e pós-modernidade - Unigranrio
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
4.5.1 Análise da personagem Bebel<br />
Dentre os elementos que compõem uma personagem estão, além <strong>do</strong> figurino, a trilha<br />
sonora, a maquiagem, os trejeitos, o sotaque e o vocabulário. Bebel (interpretada por Camila<br />
Pitanga), apesar de ser atriz coadjuvante, fazen<strong>do</strong> par romântico com Olavo (interpreta<strong>do</strong> por<br />
Wagner Moura), ocupou lugar de destaque na trama e para este trabalho pode ser a<br />
personagem que melhor exemplifica a mudança de <strong>identidade</strong> através da aparência e da<br />
<strong>cultura</strong> de <strong>consumo</strong>. Sen<strong>do</strong> mulata e com curvas bem definidas, tem o tipo físico típico da<br />
mulher brasileira que é preferida pelos turistas estrangeiros.<br />
Para a composição da personagem de prostituta, Bebel usava no início da trama um<br />
figurino extremamente sensual: collants tipo “engana-mamãe”, que se tornaram um modismo<br />
na época da novela. Inteiros na parte da frente e deixan<strong>do</strong> as costas nuas, esses collants eram<br />
em geral de crochê, o que realçava a cor da pele da atriz. Os cabelos encaracola<strong>do</strong>s, os brincos<br />
grandes e batons avermelha<strong>do</strong>s, as saias curtas e botas compridas completavam o figurino de<br />
garota de programa.<br />
Um <strong>do</strong>s jargões mais utiliza<strong>do</strong>s pela personagem era “catiguria”, que significava no<br />
contexto da trama sofisticação, valor pessoal e “borogodó”, que significava boa performance<br />
sexual. O rebola<strong>do</strong> e o jeito sempre sincero de ser completavam o perfil comportamental da<br />
baiana. O estilo de vida de Bebel é, portanto, alicerça<strong>do</strong> na obtenção de renda e status através<br />
<strong>do</strong> corpo e da juventude. Sua <strong>identidade</strong> é muito fragmentada, pois ela muda de estilo de vida<br />
pelo menos quatro vezes durante a trama. Uma das características que consegue modificar na<br />
sua personalidade, fora as roupas e o poder de compra, são as regras de etiqueta que aprende<br />
com Marion (interpretada por Vera Holtz).<br />
Na mudança de status no início <strong>do</strong> primeiro capítulo analisa<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong> de caso<br />
(28/08/2007) Bebel, a<strong>pós</strong> frequentar a alta sociedade com um cliente rico, comprar roupas de<br />
grife e adquirir comportamento de socialite (graças a um curso de etiqueta), acaba perden<strong>do</strong> o<br />
relacionamento e ten<strong>do</strong> que voltar para um <strong>do</strong>s apartamentos de Jader, colocan<strong>do</strong> suas roupas<br />
para vender. Ela implora trabalho para o cafetão e volta a vestir bustiês e saias curtas, para<br />
conseguir exercer sua profissão de garota de programa no calçadão de Copacabana.<br />
Ao voltar ao calçadão, Jader diz que Bebel perdeu o “rebola<strong>do</strong>” e não saberia mais<br />
exercer a profissão por ter fica<strong>do</strong> muito educada. Ela volta ao trabalho dizen<strong>do</strong> frase que<br />
define sua posição de “camaleoa” na trama, deixan<strong>do</strong> claro que usa estilos de vida como se<br />
fossem roupas em seu cabide: “estou mudada por fora, mas o borogodó nunca se perde”.<br />
80